de noia em noia até a metanoia
debaixo do tempo tem um tempo
depois do destino outro destino
e eu aqui no seu mecanismo
de quebra-corações em massa
as flores perderam o aroma
as raízes estão sem chão
as vidas sem raízes nem asas
ó abre alas para o pólen passar
o medo e seu perfume
espalhados pelas coisas por aí
hoje não quero rimar
hoje não sei o que fazer
todo dia é importante
mais uma armadilha sua
senhor grande irmão
com seu olho gordo
me vigiando
e concretando
e bloqueando
e impedindo
e indo indo indo
nesse chão morto de asfalto
mais uma armadilha sua
o furo intolerável que busco
dia a dia manhã a noite
a cada dia de novo e de novo
não sei como terminar
esse poema em linha reta
o fingido fingidor
fingindo que finge fingir
calculando os ganhos
engolindo as perdas
hoje não tem métrica
o ritmo sumiu
e eu nem consigo
brainstorm vomitado no papel
papel social
papel de ator
e documentos de papel
não posso carregar
o que não me aceita
tempo contente que vai sempre em frente
tempo sutil com seus detalhes mil
tempo maluco do meu relógio cuco
tempo ruim que vai chegar ao fim