"e todos os meninos vão desembestar!".
Senão, nunca mais esqueceria o sangue, o choque e a inação.
A avenida é movimentada, a uns quinze metros atrás da menina, a vó dela, sem poder acompanhá-la e desesperada. A menininha não viu o ônibus vindo de trás dela e ia correndo desembestada em direção à avenida. O ônibus pegaria a menininha em cheio. Haveria de pensar rápido, pulou na reta da menina com cara de bicho papão, não dava para alcançar a menina, não dava, não pulava 5 metros, não adiantava gritar, ninguém grita mais alto que um ônibus, o motorista freou, buzinou, não tinha visto a garotinha tão pequenina, ela parou no meio do percurso irritada com o bicho-papão, meio metro antes da catástrofe, deu tempo dele voltar para a calçada de maneira que o ônibus não passasse por cima dele por sua vez. É assim, um acidente, quando não ocorre, fica apenas na possibilidade. E a gente chega a pensar que nunca teria ocorrido. Foi muito bom saber antes que menininhas desembestam. E olhar pra avenida com olhos desembestados. Isso preparou o raciocínio rápido que foi necessário naquela hora. Um casal ao lado não viu absolutamente nada e continuou sua conversa informal.
deu pra entender?
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