domingo, 28 de agosto de 2011

molly e o grifo

Uma construção simétrica, concebida em verdades, igual qualquer simetria. Pretendida eternizar um ideal. Algo que só existe no coração, se manifesta pela intuição, mas é intraduzível.

O sol da primavera invadia os recintos obliquamente. No átrio central homens e mulheres comiam, bebiam, falavam, e se fartavam à luz amarelada e intensamente brilhante. Aquele centro de uma antiga idéia agora se tornara vestígio erguido à pedras, argilas e outras matérias.

Molly os servia, e se sentia mal por isto.

Quando em seu coração pressentiu uma intensa emoção, e tomou-lhe o lugar uma visão à noroeste. Um fabuloso Leão Vermelho respirou sem ruído algum, como rugisse mudo. Mesmo com a crueldade daquele olhar, entendeu o recado: "Cale-se, esconda-se, e eu poupo-lhe a vida".

Com o corpo hirto de pavor cambaleou até um cômodo escuro, atrás de si.

Um monstruoso barulho veio lhe preencher os ouvidos, e tomar conta do ambiente. sinfonia de ossos se partindo, gritos humanos, móveis despedaçando-se. Aquele medo em Molly foi se transformando em música que a remetia aos sons naturais, como cachoeiras e canto de pássaros, uma música imprevisível, um jazz.

Os gemidos ainda estavam sendo emitidos quando ela saiu, sentindo a ausência da fera. Tudo ia se tornando silêncio.

No chão muito sangue, em poças, em pedaços de mesa, em pedaços de gente. Só foi devorado das vítimas os olhos e os corações. Abaixou-se e com os dedos cruzados numa das poças provou do sangue fresco. Ouviu uma voz:

"Ouça menina, vá embora, sua vida se renova nesta hora, não existem mais ninguém que lhe possa escravizar, eu trouxe-lhe a salvação. Seu batismo foi de SANGUE"

Assim proverbiou a Águia Dourada, e seu olhar era como se pudesse devorá-la, mais já estava saciada.

A simetria se reconstituiu no tempo, enquanto o espaço se constituiu num templo.

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o cavalo

O cavalo e seu cavaleiro conversam, que não haja dúvida sobre isto.

Qualquer um que por ausência de palavras demonstre algo, e compreendido o possa dizer.
E mais..

O cavalo tem o perfil de seu dono, é fiel à ele, um gesto entendido pode significar a vida salva.

Quando é de batalha, podemos ver um único ser, no meio do sangue e das mortes é uma só alma.

Os antigos maias acreditavam que se tratavam de Centauros, àquela figura mitológica meio homem meio cavalo, quando viram espanhóis em suas montarias... Uma só alma, em um só corpo dividido.

Os sentimentos são compartilhados, se o animal se fere, que o cavaleiro sinta, que a sua espada defenda a extensão do corpo seu.

Num ferimento o animal sente, mas não pode sair do controle, pode dar um pulo, um "tranco", emperrar como uma motocicleta, a motorcicle, or a Iron Horse. E cabe ao cavaleiro mantê-lo vivo, pulsante.

Domar animais selvagens, sem fugir da sua própria selvageria é o princípio dos oito segundos de uma competição de montaria, de um peão de boiadeiro. Um extremo ferimento do cavalo, reagindo à todo custo contra sua submissão. Quer continuar livre.

O peão age com o braço e com o coração, um Royal S. Flash, com copas e Reis, Rainhas e et coetera...

Os cavaleiros, em conjunto são quadras, como os quatro do apocalipse, um de cada naipe: Fome que um dia fora Ouro, Peste que fora Amor, a Guerra, quando laços eram paus, eram ramificações de um mesmo ideal, e transformou-se na clareza e objetividade da Espada, que invertida pode ser vista como a Cruz. Um lado de Morte, e um lado de Vida.

Somos selvagens por natureza, no xadrez um cavalo é a segunda mais versátil das peças, mas realiza um movimento inimitável, não pode ser perseguido por apenas outra peça, e sim cercado. Um movimento imprevisível. Talvez por isso aprendamos a dominar nossos instintos, em um aprendizado que pode descambar para a indiferença, ou pior ao atavismo.

Como quando o cercamos para capturá-lo, selvagem como nós um dia fomos.

Igual como quando nos percebemos furiosos, e tememos fugir ao nosso próprio controle.

Uma selvageria que se conquistada se transforma numa linda fidelidade.

Se submetida tranforma-se em burrice.


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realidade

Um homem fala ao telefone:
- Estou pisando em ovos
Uma mulher o vê pisando em piso sintético barato.
Uma criança imagina se formigas põem ovos.

A realidade é a base de qualquer coisa, é o chão que se pisa.


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fábula

Você está vendo a luz?
São os olhos de Manhana Régia. Você e eu estamos neles.
Um raio de luz que não que ser nunca absorvido.
A floresta à nossa frente, flores, borboletas, pássaros, e uma voz: "Estou louco por você".
É apenas uma voz na floresta, de onde vem isso?
Estou falando sozinha, tem mais alguém aí?
Estou falando sozinho? Tem mais alguém aí?
"Um pouco eu, e você".
Voz toma mais intensidade, e se nota um descontrole...
"Vamos, ande, venha brincar, o lugar está muito, muito sozinho". Vós começais a não entender? Mã, estais perdida em excentricidade?
Minha alma sã num porvir de felicidade.
"Venha, cante, vamos queimar, estou louco e perto, bem pertinho". Da manhã, vê um Dragão quando já está em uma clareira na mata. Rainha, pagã, uma ilusão diante o fogo que sai em labareda da entranha da morte.
"Está perdida?" diz a voz.
"Estais perdidas? Dize vós".
Manhana olha ao lado, um príncipe ao lado.
Um dragão cravejado na armadura.
E uma candura na voz assustadora.
Não era assim.
Apenas o fim amado.
Nunca houve alguém lá...
Dize vós: Houve alguém lá?

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fábula (dois)

Uma mulher, chamada Manhana Régia, dentro de uma selva, se assusta e sai correndo assustada de dentro da selva, fica branca ao ver um dragão que cospe fogo. Paralisada frente ao dragão alguém lhe toca a cintura, olha ao lado um homem, se tranquiliza. olha à frente, e o dragão já não existe mais, só o homem ao seu lado. Um sonho de fadas se realiza e uma estrela nasce.

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Puzzle

Menina linda, mesmo com seus cabelos raspados entra em um bar. Homens insinuam sobre suas nudezas, e as dela. Até aí nada a se reagir. Estava, Puzzle, resiguinada a ficar só. Um brutamontes agarra a menina Puzzle: Abraça-a contra a vontade.
BAM
O homem cai de costas. "Já ouviu falar em Quebra-Cabeças?" Diz a linda Puzzle, com uma manchinha de sangue em sua testa, linpando-a calmente com um lenço.

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cry wolf

"Queria me expressar sobre este terrível costume dos paulistanos de aplaudir de pé qualquer porcaria"
Era essa a idéia que ouvi numa palestra sobre teatro...

"Cry wolf" é uma situação:

Um menino gritava de um estábulo, dizia estar sendo atacado por um lobo. Vieram acudi-lo e era mentira queria apenas chamar a atenção.

Um dia realmente um lobo apareceu, o menino gritou, gritou, mas ninguém veio em sua ajuda, foi devorado pelo lobo.

"Cry wolf" é o nome desta situação.

Um dia estava no cinema assistindo Mulan/Disney, e em determinadas cenas aplausos bem suaves eram ouvidos. Eu pensava qual a razão destes aplausos? Se no cinema é uma fita que roda? Simples ter começado a aplaudir junto: Existem funcionários no cinema que o mantém limpo, vendem pipoca, recebem os bilhetes ou fazem a fita girar.

Aplausos.

É simples como o tom de voz. A velocidade das palmas, a intensidade das palmas, o ritmo, podem transmitir sentimentos...

Um dia aplaudi uma peça sem me levantar, ninguém se levantou, como apludissemos Mulan, simples e baixinho como se sussurassemos o quanto havíamos gostado.

Outra vez um show em homenagem à Vinícius de Morais, as palmas acompanhavam a canção, aplauso de pé e no ritmo.

Podemos aplaudir em número específico de vezes: Esta peça merece sete palmas, esta merece três, esta merece uma bem forte como um soco, etc...

Também pode-se usar outras formas: bater na mesa, estalar os dedos, assoviar, gritar, urrar, vaiar, etc...

Uma vez vi uma peça, fiquei louco, ou já estava predisposto, levantei aplaudi e quase caí, se fosse mulher desmaiava, saí cambaleando, a peça nem deveria ser tão boa, mas eu gostei.

Se alguém acha necessário aplausos em pé que fique de pé, mas não precisa ser seguido por toda a platéia...

Se for para entrar numa peça já sabendo que no final vou aplaudir de pé mesmo sem entender, ou sentir 'lhufas'. Talvez seja razoavel o aparecimento das claques estampadas: PALMAS.

Por que aplaudir de pé não é nem para todos os espectadores muito menos para toda a obra.

De pé, frente ao final de qualquer coisa é "Cry wolf", um dia alguém verá a peça de sua vida e para demonstrar talvez só trazendo abaixo o teatro. Destruição total. Ninguém tem mais discernimento.

Então vou rir de qualquer bobeira só para variar, ou me sentir normal.

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vande-se

Final da Avenida Paulista: "Viche, 25 metros de mulher..."

A foto começa nas ancas, mas se abstrairmos a proporção, tem-se a mulher em pé como se tivesse 40 m. Ela ainda se dá ao luxo de levantar as mãos... ...para fora do espelho, para baixo seus pés no chão.

Em seu plano horizontal, como um espelho de guarda-roupas iluminado eu me sentiria o próprio Godzilla!

Imagine: a Avenida, a passarela, e as paulistas desfilando nela.

Igual àquele clip de um grupo de rock: LovesStrong, só que era NY.

Aqui, Brasil, sem dinheiro, só se pode imaginar...

Nhem, nhem, nhem.

Mulheres de 40 m com uma coleira escrito Godzilla.

Qual a relação entre os Rolling Stones e a Fórum?


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