Quando
da onda de violência de colocar fogo em quem não tem dinheiro para dar
ao assaltante, eu vi na TV Cultura um arremedo de auto-crítica sobre o
papel da mídia nesse contexto. O que é muito sério, pois os veículos de
comunicação podem escolher em fazer
sentido ou em criar defesas no público, e, geralmente, criam defesas,
com isso reprimem ainda mais o cotidiano violento, precário e
deteriorado de quem recorre como últilmo recurso à violência, ou seja,
quem não tem como elaborar os petardos ou redirecionar os golpes que
recebem vão reagir de que outra maneira? Temos de ser santos,
renunciando à tudo, para que uns poucos possam viver em uma abundância
aonde se tem muito mais do que se pode tirar proveito em uma só vida?
A simulação de auto-crítica da TV Cultura foram duas, na primeira, foi dito que a crítica aos veículos seria uma forma de censura em que as matéria não deveriam ser noticiadas (desqualificar a crítica), na segunda, se procurou isolar a questão nos programas policiais sensacionalistas (auto-marketing), enquanto os programas supostamente dignos, como o Jornal da Cultura que faria seu suposto trabalho crítico. Nenhuma nem outra. Não se vê na televisão, como produtora de relatos (meio de sair do discurso para entrar na ação), algo que faça sentido em quem está em situação delicada, pois a violência é parte integrante da reprodutividade do capital. O que é mais perigoso ainda, pois esse discurso não é apenas cansativo, como a pequena-burguesia (classe média alta) afirma, e levianamente dá sequência aos discursos produtores de relatos de destruição, é também de uma indiferença ímpar. Claro que não vou recorrer ao exemplo do Nazismo, não por que devamos esquecê-lo, mas por que hoje não se trata de fazer morrer e deixar viver, mas de fazer viver e deixar morrer (Foucault).
Esse discurso de extermínio está produzindo ações de extermínio. É muito mais do que apenas docilizar e disciplinar o apêndice do capital que se tornou o ser humano nos planos e sistemas econômicos. Não se trata de fazer crescer a economia.. De ser um país com PIB assim ou assado.. De educação para o mercado, para uma determinada tecnologia, que será superada por outra tecnologia, e o trabalhador tornado supérfluo perante o progresso tecnológico.. Se trata de comprar um saco de feijão a mais para passar menos fome durante o mês.
Ué, não se trata de transporte, de conseguir se chegar ao trabalho repetitivo e alienante? Ninguém está questionando o sistema, apenas pedindo uma folga no orçamento, um dinheirinho extra no final do mês. Dinheiro que se tem muito pouco, mas que se trabalha demais por ele. Não sei o quê estão reclamando por causa desses protestos, apenas um incomodado ou outro que são repercutidos oportunamente para que a mídia possa relatar: Inimigos do povo! Prendam-nos, batam neles, matem-nos!
Acontece que todo mundo sabe que os transportes são insuficientes, caros e se gasta uma vida neles. No final o tiro deve sair pela culatra, e todos poderemos ver quem são os inimigos do povo. Acontece que os relatos de extermínio já foram proferidos e podem sair pela culatra. Ou alguém acha aí que queimar pessoas vivas não é nada mais que um protesto desarticulado, inconsciente e despolitizado que é disseminado por que nada fez sentido?
Para que mergulhemos em nossas rotinas sem questionamento, aonde questionar só é possível e permitido assim, um palmo à frente do nariz. Não creio que aquele que desabafou por buscar a filha na escola tenha uma realidade diferente daquele que destruiu a guarita da PM. Estamos todos só e no mesmo barco, um calhau a vagar pelo espaço.
Quanto à mídia, ela precisa aprender com urgência a entender outros pontos de vistas e permitir que eles possam existir, pois nesses esquemas de relatos de extermínio, como biopolítica de Estado (Estado sim, a Sociedade se erigindo como um Estado corporativo), tudo só faz sentido realmente para quem domina as cadeias de produção material simbólica, social e física. Aos outros resta uma existencia de mera ferramenta para não virar mera vida (Angamben). Só assim os meios podem dizer que tratam o assunto "violência" de maneira adequada, no mínimo, quando se exigiria honesta.
A simulação de auto-crítica da TV Cultura foram duas, na primeira, foi dito que a crítica aos veículos seria uma forma de censura em que as matéria não deveriam ser noticiadas (desqualificar a crítica), na segunda, se procurou isolar a questão nos programas policiais sensacionalistas (auto-marketing), enquanto os programas supostamente dignos, como o Jornal da Cultura que faria seu suposto trabalho crítico. Nenhuma nem outra. Não se vê na televisão, como produtora de relatos (meio de sair do discurso para entrar na ação), algo que faça sentido em quem está em situação delicada, pois a violência é parte integrante da reprodutividade do capital. O que é mais perigoso ainda, pois esse discurso não é apenas cansativo, como a pequena-burguesia (classe média alta) afirma, e levianamente dá sequência aos discursos produtores de relatos de destruição, é também de uma indiferença ímpar. Claro que não vou recorrer ao exemplo do Nazismo, não por que devamos esquecê-lo, mas por que hoje não se trata de fazer morrer e deixar viver, mas de fazer viver e deixar morrer (Foucault).
Esse discurso de extermínio está produzindo ações de extermínio. É muito mais do que apenas docilizar e disciplinar o apêndice do capital que se tornou o ser humano nos planos e sistemas econômicos. Não se trata de fazer crescer a economia.. De ser um país com PIB assim ou assado.. De educação para o mercado, para uma determinada tecnologia, que será superada por outra tecnologia, e o trabalhador tornado supérfluo perante o progresso tecnológico.. Se trata de comprar um saco de feijão a mais para passar menos fome durante o mês.
Ué, não se trata de transporte, de conseguir se chegar ao trabalho repetitivo e alienante? Ninguém está questionando o sistema, apenas pedindo uma folga no orçamento, um dinheirinho extra no final do mês. Dinheiro que se tem muito pouco, mas que se trabalha demais por ele. Não sei o quê estão reclamando por causa desses protestos, apenas um incomodado ou outro que são repercutidos oportunamente para que a mídia possa relatar: Inimigos do povo! Prendam-nos, batam neles, matem-nos!
Acontece que todo mundo sabe que os transportes são insuficientes, caros e se gasta uma vida neles. No final o tiro deve sair pela culatra, e todos poderemos ver quem são os inimigos do povo. Acontece que os relatos de extermínio já foram proferidos e podem sair pela culatra. Ou alguém acha aí que queimar pessoas vivas não é nada mais que um protesto desarticulado, inconsciente e despolitizado que é disseminado por que nada fez sentido?
Para que mergulhemos em nossas rotinas sem questionamento, aonde questionar só é possível e permitido assim, um palmo à frente do nariz. Não creio que aquele que desabafou por buscar a filha na escola tenha uma realidade diferente daquele que destruiu a guarita da PM. Estamos todos só e no mesmo barco, um calhau a vagar pelo espaço.
Quanto à mídia, ela precisa aprender com urgência a entender outros pontos de vistas e permitir que eles possam existir, pois nesses esquemas de relatos de extermínio, como biopolítica de Estado (Estado sim, a Sociedade se erigindo como um Estado corporativo), tudo só faz sentido realmente para quem domina as cadeias de produção material simbólica, social e física. Aos outros resta uma existencia de mera ferramenta para não virar mera vida (Angamben). Só assim os meios podem dizer que tratam o assunto "violência" de maneira adequada, no mínimo, quando se exigiria honesta.
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