sexta-feira, 1 de julho de 2005

Let it be

"Eu choro de cara suja,
meu papagaio o vento carregou
E lá se foi prá nunca mais,
linha nova que pai comprou

Dança Maria Maria,
lança seu corpo jovem pelo ar
Ela já vem, ela virá,
solidária nos ajudar

Não fique triste, menino,
a linha é tão fácil de arranjar
Venha aqui, venha escolher,
papagaio de toda cor

A casa estava escura,
no vento forte a chuva desabou
A luz não vem, eu aqui estou,
a rezar na escuridão e só

Venho no vento da noite,
na luz do novo dia cantarei
Brilha o sol, brilha o luar,
brilha a vida de quem dançar"

Beto Guedes

Assim morre a timidez.

A timidez, não é medo-de-mulher, como dizem os mais ‘machos’. Não.
A timidez é apenas medo. E, falta assunto, na maioria das vezes. Falta de assunto acompanhado de uma vontade colossal de ter-o-que-falar...

De tanto que se procura, nada se encontra, e chegamos a nos perder...

Pode levar à todo o tipo de esculhambação. Com razão. O pior dos medos é o medo-de-ser-feliz. Sem dúvida.

Mas, na desorientação, Ave Maria (Maria Maria), vem nos sussurrar palavras sábias (let it be – deschtá, como vovó já dizia e um desses ‘bitus’ aí) que linha-de-passe para conversar e palavrear tem de toda cor, e para começar: pode mesmo papagaiar...

Pq não?

Não há assunto especial. Nunca ninguém estará 100% pronto.

E daí?

O quê que tem receber uns ‘nãos’?

O quê que tem nada receber?..

Alguém quer algo além de trocar assuntos?

Por que a chuva desaba?

Por que rezar só?

Temer o quê?

Vem em um sussurro do vento da noite a resposta dos novos instantes: deschtá.

Deschtá... deschtá...deschtá...deschtá...’sussu’ nessas palavras: deschtá

Um comentário:

Cristian Korny disse...

tudo bem, sem comentários, há algo de verdadeiro aí, sem rancor, sem ódio, mas nesse momento o assédio moral da Bahiatursa ainda não havia me levado ao ambiente mental do surto.

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