Existe uma sigla em marketing que descreve a operação persuasiva de provocação de uma ação qualquer em alguém, AIDA, que significa chamar a Atenção do interlocutor, Informá-lo de maneira a lhe despertar um Desejo, e conseguir dele a Aquisição de uma mercadoria, no caso mais geral exposto nesse projeto, o último "A" pode representar a Adesão a uma causa ou Aceitação de um significado que é oferecido tal e qual uma situação de venda persuasiva. Esta sigla é bastante divulgada, e talvez não careça de citação bibliográfica. Supondo que a principal fonte de informação do público é a televisão, então o princípio é simples, ao invés de solucionar um desejo despertado pela programação, uma vez que na figura mitológica da "era do conhecimento" o telespectador tenha uma necessidade de adquirir uma informação para se sentir mais qualificado, oferece-se um significado difuso e sobrecarregado apenas ocasiona mais atenção do espectador no objeto veiculado, e uma vez que aquele que está exposto à mensagem nunca tem seu desejo de ser informado satisfeito continua na expectativa de receber a informação estratégica, se mantendo, com isso, preso à audiência. A eficácia desse tecnicismo em marketing se deve ao se colocar aparentemente em risco à segurança ontológica do sujeito.
Antes de expor as generalidades da pesquisa, deve-se expor alguns conceitos: Tem-se língua como produto social, conjunto de convenções e sistema de signos em potencial, a fala é uso individual, momentâneo e concreto da língua. A dessemantização ou eufemistização produz influência sobre a língua do indivíduo, mas decorre desdobramentos sobre a fala dele. Isso é o que se procura observar na futura pesquisa de campo.
A pesquisa tem três questionamentos básicos sobre a significação da audiência em relação à mensagem significada. Os três elementos de pesquisa devem ser auferidos segundo uma população e apresentados em seqüência, para que se possa observar melhor o efeito geral das questões. A finalidade dessas questões é verificar o processo de formação de Tabus pela mídia para públicos diferenciados segundo as suas fontes de informação. Uma auferição sistêmica.
O primeiro item é referente ao posicionamento do público mediante a aquisição de informação, que indagará qual a fonte principal de informação sobre o termo dessemantizado escolhido: corrupção. A questão seria em que tipo de mídia (tv, rádio, jornais, web), em qual delas essa palavra foi mais vista, ouvida ou lida. O segundo item a ser indagado seria a escolha entre cinco conceitos inerentes à palavra corrupção segundo autores e circunstâncias históricas diferentes, e sendo uma das alternativas vazia de sentido, mas estilisticamente semelhante a um texto eufemístico. Este seria referente à conceituação da população. O terceiro item seria relativo a comparação realizada pela população com o termo corrupção, ao se oferecer alternativas curtas dessa palavra em contextos impertinentes, mas próximos, conforme conceituação intencionada e calculadamente difusa, à semelhança estilística da sua utilização dessemantizada. Esse questionário de pesquisa é composto por questões interdependentes.
O objetivo dessa pesquisa é observar a segurança ontológica (Sodré), dos sujeitos expostos à mídia. A Segurança Ontológica seria o território verbal que o sujeito precisa defender para que defenda também sua capacidade de compreender o mundo e de se situar na realidade, é o princípio que o governa, na direção de fazê-lo encontrar um sentido no meio difuso do Tabu. O sujeito seria o suporte da razão (nous) que é a "esfera do humano" somada "às suas relações histórico-culturais aonde aquela reina onipotente garantida pela tecnologia" (Sodré). A Segurança Ontológica seria o limite aceitável de sua Contingência Verbal (Skinner), e o Campo Semântico, ou Constelação Semântica (Ullmann), seriam, metaforicamente falando, as gôndolas de onde o sujeito pode ou não pode retirar significados para seu uso diário. Esse desdobramento aqui descrito é o ambiente em que a dessemantização se faz presente, e necessária.
Assim o ethos midiático se constitui pormenorizadamente como limite da existência pós-moderna, preestabelecendo as proposições (Skinner) que são permitidas por uma "língua dentro da língua", ou seja um Campo Semântico (Saussure, em Ullmann), em onde o sujeito, com maior ou menor competência, com maior ou menor desempenho (gerativismo linguístico), produzirá os sentidos necessários a sua vida social e política. A dessemantização seria um "casuísmo linguístico", que preside um quarto bios, a vida midiática, e conforme relembrado e apercebido por Muniz Sodré, o quarto âmbito existencial após os três que são: a vida política, a vida contemplativa e a vida prática, de acordo com a civilização grega. Estudar a dessemantização é investigar uma maneira estratégica de produção de sentido.
Ainda sobre o conceito de Opinião Pública, que é aquela opinião que passou por sondagem, é possível colocar sob o crivo dessa denominação uma pesquisa sobre dessemantização, o que acresceria algum valor a este Projeto de Pesquisa, e algum inusitado caráter ao termo Opinião Pública.
Nessa metodologia convém acrescentar uma ampliação da pesquisa bibliográfica para a interpretação e consideração mais profunda do conceito de semântica aplicado à comunicação, bem como investigar mais profunda e bibliograficamente o conceito pressuposição semântica tido como preciso pois, se há dessemantização, logicamente se deriva que haja também uma semântica que seja a mais pertinente a determinada situação teórica e conjunção de conceitos. Aprofundando também o estudo aplicado ao projeto da validação da relação entre os conceitos da Escola da Palo Alto e o behaviorismo metodológico em relação à eufimistização.
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