sexta-feira, 2 de julho de 2021

Tauba de Beirada.

Sei da minha vida-nua,
Um lenho tosco ao léu,
Outra lata chutada na rua,
E nem sabe ou vai pro céu.
Mais que a riqueza sua,
Mais doce, faz o mel,
Merece viver sem favor,
Vida mesma é por amor,
Mais ainda meio pinel
Vivendo no mundo da lua,
Bem longe de falcatrua,
Sem merecer troféu.
Pode de lhe causar horror
E, claro, um mau-humor,
Mas não, a vida, ela, atua,
É um planeta-carrocel.
Como é vida e não é sua,
Esse jeito lhe magoa.
Pois, a vida é vida à toa.
São coisas sem valor,
Como essa minha dor,
Negação, aliás, compactua.
Dor de quem, nunca réu,
Mas, oh mundo, desvirtua.
O mundo mudo, não de hotel.
Olha só a morte sem temor.
E, o nada só olha sem terror.
Olha tudo enquanto breu.
Olha bem fundo e flutua.

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