Alimento (Resenha).

Trabalhar por que faz sentido, não apenas de olho na conta bancária, e comer por que faz sentido, não apenas por que ingerimos.

O filósofo divide o mundo, proletariado e burguesia, visíveis e invisíveis, pobres e ricos, mas Josué de Castro divide o mundo “entre quem não come nem dorme por ter fome, e quem come e não dorme com medo dos que tem fome”. Não são as corporações, é um modo de pensar, a lógica do lucro. Um filósofo disse que o ato da alienação, aliena ambos, escravo e senhor. Concentra-se mais riqueza, mais medo, o medo que envenena todos, senhores e escravos, famintos e bem-alimentados.

Somos linguagem e carne. Nosso mundo é uma mistura. Mistura de ambiente, de fisiologia e de sociedade de consumo.

A carne é atravessável, o bebê se alimenta da mãe, tanto em nutrientes como aromas e sabores e pode ser difícil introduzir um novo alimento por que o neném tem muito medo dele.

A linguagem da comida, a cozinha e suas paredes, o calor do forno e do fogão, o modo de ser dos pais, seu desempenho social, sua competência e desenvoltura em grupo. As palavras, a musicalidade deles, o formato do quintal, a terra ou o mato. Em volta da comida. É ambiente de linguagem.

Uma mensagem de trinta segundos pode desencadear uma ruptura com a dinâmica familiar e a criança entra em comportamento suicida. Ninguém anuncia frutas e verduras. Se fosse bom, não precisava de anúncios.

São dois personagens John e João.

Self service fast food franchising on demand just in time.

John e a sociedade de consumo, é individualista ao extremo. Mora com a família, não se interessa por ninguém, come só e assistindo televisão. Cada um tem sua televisão. Pouco sabem um do outro. É conveniente ter acesso fácil a comida pronta e é sinal de poder aquisitivo. O convívio de John se dá entre seus colegas de trabalho e de faculdade. Depois se forma, muda de emprego e não vê mais nenhum, troca de grupo e de casa como quem troca de roupa, e para um poder aquisitivo maior. Troca seis por meia-dúzia. Ele se preocupa com a saúde, outro dia leu uma matéria na internet sobre dieta paleolítica, e como deseja ser atlético para atrair as mulheres, aderiu. John tem fixação por nutrientes, conhece alguns e evita outros sem saber bem o porquê. A mãe de John tira o lixo, ele detesta fazer coisas de mulher. Ele cozinha muito mal, mas e daí? é coisa de mulher. John não sabe dialogar, ele pratica monólogos em duplas. Come toda a proteína da família, é atleta. Não sabe que perceber o outro também atrai as mulheres. Pobre John, de vez em quando, se gaba de comer comida étnica, mas não sabe se há fidelidade ao paladar, provavelmente não. A família se desestruturou completamente, e a mesa sente o baque. A comida virou alimento. Não há mais conversa, não há mais troca de gentilezas. John virou elite disfuncional e controla aparência do próprio corpo e do corpo do outro obsessivamente. Tem tanto produto no mercado e tão pouco interesse que ele tem em saber o que está nos rótulos, mas nota as cores. John é branco. Só um tratamento de choque de um profissional com habilidade, atitude comprometida, motivação e desempenho numa ação pedagógica para disciplinar essas fomes ocultas. Fome de humanidade e de humildade.

João é preto. Mora na fronteira do urbano com o rural. Ele estudou na faculdade e aprendeu algo sobre si, mais do que sobre o mercado. Não se importa com status social, tem facilidade de se relacionar, faz uns bicos para sobreviver como assistente de cozinha. Corta vegetais e lava pratos. Aprendeu a cozinhar com a vó, e  nem liga para a comida como status social, ou prefere desligar. Conhece uns sambas cantados enquanto cozinham a fatada colorida. Acha engraçadas essas comidas cheias de ar e sal que são vendidas nos grandes supermercados. Aonde ele mora, ainda se compra na venda. Outro dia, ele é conectado, não duvide, leu que os ratos alimentados com fast food não comem mais outra coisa. Ratos mal-acostumados esses. Comida feita mais para agradar do que para alimentar. Inventaram a bajulação gustativa. O gosto de João é adulto já. A comida é conviver, estruturar, socializar, comunicar, usar, situar e conduzir. João adora o clima das fatadas em família.

A alimentação é um direito social. Alimentação é cultura, é sentar à mesa e trocar afetos, ideias e conhecimento, faz parte desse convívio pôr a mesa, arrumar a cozinha, uma toalha bonita para cobrir, frutas, fogão a gás na cidade, e fogão a lenha no campo. Toda uma experiência bela e instrutiva de aprender com os mais velhos e se divertir com as crianças.

A monocultura de exportação, seus transgênicos e venenos exportados todos para pecuária estrangeira, alimento que poderia alimentar dez, alimenta um. Sem falar que esse tipo de cultura global depreda a comida de um país. E acabar com a comida de um país é acabar com o país. Comida é aprender a cozinhar com a vó, alimento é saber que o suco de laranja tem vitamina C. Comida é um envolvimento de quem cozinha com quem come. Alimento é reduzir o sal ou o açúcar para notar melhor o sabor do ingrediente.

Uma palavra interessante para a relação com a comida: comensal é participar de alimentação coletiva. Comida é mais do que alimento, é mais do que ingerir nutrientes, é mais do que buscar submisso uma aceitação social. Comprar comida, comer junto, limpar a cozinha, lavar a louça são eventos, são prazeres. Saber de onde veio o alimento e para onde ele vai também são. Dar valor ao abrigo, à água, ao alimento e ao amor. Infinitas potencialidades reduzidas pela mídia a uma fisiologia manca ou a uma cobiça atroz. Desperdiçar tempo não é desperdiçar alimento.

Monstros globalizados deglutindo sem atenção calorias excessivas da vida social e do meio-ambiente. Nossa comida simplória comparada ao poder da TV: produtos brilhantes, flexíveis, corados como atletas ultraprocessados, com aparência muito melhor na tela do que no prato, ou mesmo na bandeja de cada um. Uma outra população que não se alimenta, vive de arroz com farinha, mingau de farinha, pirão, ou, até mesmo, de garapa, água com açúcar, quando tem água. Famintos em frente a essa TV. O mundo é tão violento. O que a estatística não diz é a diferença entre escassez e fome. Sentir fome já foi sinal de saúde.

O nutricionista tem o dever e o compromisso social de não se calar perante o sofrimento. Mesas inteligentes olhando que todo esse trabalho é prazeroso. Dá sentido a vida, ao corpo e à alma, muito além dos corações e mentes. Uma frase edificante, quando alguém disser que é difícil, lembre-se que edifício é um prédio cheio de andares, e vá andando em frente com seus ideais. Ser nutricionista é cuidar da alimentação saudável, adequada e sustentável, ser porta-voz das necessidades alimentares da população junto ao poder público com ética e técnica.

Dívida Infinita (Resenha).

O dinheiro é valor de troca, um pedaço de papel com valores. Um devedor busca liberdade prometida nunca entregue, e um credor reescreve seu cabedal de motivações simulando que, no fim da jornada, o devedor tenha sua recompensa. A causa moral aí se instala, ninguém quer ser maldito por não honrar dívidas. São imateriais as motivações da dívida infinita. A dívida alcança todos, assalariados e não assalariados, ocupados e desempregados, trabalho material e imaterial, países ricos e pobres, consolidados ou emergentes. Ninguém escapa. Os maiores credores devem a alguém. Qual é a diferença? O risco. Os integrantes dos governos e das empresas nunca perdem, nessa sociedade do risco só quem paga com a vida são os mais vulneráveis e a natureza.

E a troca de favores é uma dívida moral de quem deve pagar com fisiologismo. A produção caminha junto com a significação no capitalismo. Uma causa moral e imaterial torna com que toda dívida seja impagável com alcance no íntimo do cidadão. Na dívida, estão atomizados os cidadãos individuais em sua experiência de mídia. Produz uma maioria de escravos e riqueza simbólica para poucos. Insustentável do ponto de vista individual e ambiental.

A máquina, a técnica e a ciência, Normatizando o homem, todo controlado socialmente para dar respostas sociais programadas, como linguagem de computação, a todo tipo de pergunta da empresa e do governo. O dispositivo é o social como circuito impresso. Para sobreviver resta subverter essa lógica que enjaula o que há de mais belo no bicho homem. Seus símbolos, sua criatividade e sua solidariedade. 

A dívida pública é a espinha dorsal da crise. Um sistema de dívida que desvia recursos para o sistema financeiro sem contrapartida real. É dinheiro público sem função social que em vez de ser usado para injetar vida na economia real, suga todas as forças dela vivendo às suas custas, a metáfora é de um parasita. Cerca de 9% do PIB está indo para pagar juros da SELIC com Títulos da Dívida, os mais rentáveis do mundo. Quebra qualquer economia real. São instituições de qualquer lugar, basta constar da lista. Mas, quem compra? Nos dizem que é sigilo. Mas, se o dinheiro é público, o cidadão tem o direito de saber.

Auditar esse sistema de dívida financeira é urgente para sabermos quem sangra o Brasil. São juros sobre juros, e qualquer dívida fica impagável e infinita. Não é dinheiro que vai para a agricultura, a indústria, o comércio, os serviços, mas vai para os bancos, economia especulativa contra a economia produtiva. Uma distinção que ainda faz muito sentido para quem vive o cotidiano. O que se quer é controle e patrimônio. O plano é entregar o patrimônio público como forma de pagamento dessa dívida que é a espinha dorsal do sistema de desapropriação material e imaterial em que o Brasil está submetido, a espinha dorsal da crise.

Na Grécia, tudo que é papel virou dívida, todo tipo de derivativo. Uma dívida cheia de ilegalidades, ilegitimidades e até de fraudes. Serviu apenas para pressionar a população a aceitar as determinações das reformas neoliberais. São abutres! A finalidade da auditoria é mostrar a farra do sistema financeiro. O basta deve vir da cidadania, pois a política é financiada pelo esquema. O Armínio Fraga disse em 2009: “Olha, o Brasil foi desenhado para isto.”

Basicamente, o Tesouro Direto serve para lavar dinheiro. Falamos de um monstro internacional que controla o poder econômico e político com dentes e garras de aço. “Eu diria que é um mega esquema de corrupção institucionalizado.” (Maria Lucia Fattorelli). “Em vez de aportar recursos, a dívida pública é um esquema de transferência de recursos principalmente para o setor financeiro”.

O mais precioso é saber que a fragilidade não está do lado de cá, mas do lado de lá, basta que todos saibam do escândalo. A constituição proíbe juros sobre juros mesmo estando no contrato, o contrato é nulo neste caso. Acontece de ter muita gente envolvida, favorecida ou desinformada. Que muitos se matem por verem apenas a realidade imediata, sem ver o que está por vir.

O Superávit Primário não é nada mais que uma fraude comunicativa para dar um nome difícil ao assalto às riquezas de todos no país. Os ataques à previdência aumentam junto com os ganhos com as amortizações. Não é curioso, caro leitor? Toda a tributação é mobilizada para pagar essa dívida infinita. Significa que boa parte do dinheiro serve apenas para pagá-la. “O cerne das alterações que vêm sendo feitas ao longo dos anos é a modificação de um modelo de solidariedade” (MLF).

Os bancos nunca perdem, de quebrados e devedores, em uma canetada apenas, passaram a credores de tudo o que deviam e pelo qual quebraram. Viciados em lucro rápido e crescente são inimigos da civilização. Engenharia financeira embelezada pela criação de novos produtos mercadológicos com políticas monetária suicidas e tudo muito bem distribuído por computadores e comunicação visual e virtual. Paraísos fiscais móveis. Como diz aquele sucesso de gosto duvidoso: “Tá tudo dominado!”. Vemos uma grave crise em breve, pois esse sistema desregulamentado do capital não consegue, nem pode, subsistir.

A financeirização deforma em círculo de ferro com a cognição e exige espaço e morte. Ganhos improdutivos, e daí? Enganam pessoas, e daí? Ninguém vê como são, e daí? A economia sustentando imensa estrutura especulativa, e daí? O sistema financeiro falhou e feio. Nem sequer pode esconder a falha por mais tempo. Ele é opaco, concentrado, subsidiado, retira provisões, e fracamente regulado. Um trabalho inútil. Virou um imenso cabedal de ganhos improdutivos.

Queremos uma economia saudável, que ofereça alternativas, que seja regulamentada, que reconstrua as finanças, que retrabalhe o país e o planeta, no lugar de implodir o mundo humano. Um sistema financeiro saudável financia a educação superior, as aposentadorias, os seguros, a liquidez, as inovações financeiras, sociais, técnicas, científicas e artísticas. E precisamos urgente cancelar o pagamento excessivo antes desse enxugamento do Estado que é também enxugamento da população, ou seja, extermínio dos mais pobres e programado para breve.

Sra. Carmen Cecilia Bressane
Nós vivemos num país muito rico com grande circulação de riquezas. Se o Brasil só tivesse nióbio já seria uma potência. Foi um crime o que fizeram com nosso nióbio. O terceiro país em reservas de petróleo. A maior reserva de água potável do mundo. Um país de dimensões continentais, falando mesmo idioma. Mesmo assim, vemos o cenário de uma crise. Falta dinheiro para tudo.

Esta crise é seletiva, não afeta todos os setores econômicos. Atenção, os bancos operam com lucros astronômicos. Os bancos, no passado, eram agentes de dinamização da economia, hoje ao contrário, vive às custas da economia real, um parasita no hospedeiro, um assunto muito opaco. Por que enfatizar sempre os cortes na área social? Em educação, saneamento, saúde, cultura, por quê? Os impostos atingem a todos, mas atingem mais a classe média e os pobres. A crise é seletiva, não atinge as instituições financeiras. Os juros exorbitantes em que seja mais recompensador investir em finanças do que em áreas produtivas da economia. Não existe justificativa nem técnica, nem jurídica, nem política para o fato.

O banco central comprando dólar e, se necessário, pagando a diferença, e entrando em prejuízo com isso. E quem lucrou? A dívida pública brasileira é formada de quê? O dinheiro não vai para a saúde, para a educação, por exemplo. Essa dívida não é igual a nossa em que a gente vai em um banco e tal. E há um sólido acervo de pesquisas sobre a crise de 2008. A dívida é quase toda composta de mecanismos contábeis, ilegais ou ilegítimos, criam dívida sem contrapartida, sem benefício social. Essa dívida a gente fica pagando, cheia de ilegalidades, de ilegitimidades, com juros altíssimos. Dívida que consome metade do orçamento federal. São dois “Itaquerões” e meio por dia, dois estádios e meio de futebol padrão FIFA por dia! Assim, nós queremos uma Auditoria Cidadã da Dívida (Maria Lucia Fattorelli) para verificar que dívida é essa. Como a PEC 241 que barra gastos sociais, mas não barra esse sistema financeiro que vive às custas da economia. 

Não podemos pensar o Brasil no futuro sem pensar na questão da dívida pública. Por onde escorre metade de todo o dinheiro público.

Sr. João Guilherme Vargas Netto
Quem já foi aos Estados Unidos deve ter percebido o valor que dão ao tempo, mas não se trata de deslumbre. O estadunidense médio pensa que a única coisa que os EUA não controlam é o clima. E, como imitadora que nossa mídia é, está construindo as mesmas narrativas. Separando a temperatura da sensação térmica. O Objetivo do subjetivo. O indiscutível do discutível. Temperatura 28º C e Sensação Térmica 28º(?).

Assim, a crise tem dois enfoques. A temperatura dogmática e a temperatura democrática da crise. Nossa situação é a seguinte, temos uma sensação de crise que nubla a verdade epidérmica da crise. Tal é a confusão que se instala que nem sequer existiram 1964 e 1929. A crise verdadeira é a recessão brutal que o país atravessa. A verdadeira crise não pode ser vista por causa de um colchão social confeccionado pela população, uma rede de solidariedade. Daqui ao aeroporto de Cumbica, 400 postos de venda de água instalados em 15 dias!

Então, os dirigentes do Brasil, exceto os mau-intencionados, não havendo sensação térmica neles, eles simplesmente subestimam a crise. Não há desabastecimento, nem filas da comida, saques em supermercados, assaltos a caminhões de cargas. Essa percepção da crise é mais nossa, de dirigentes ligados a movimentos sociais do que da massa do povo brasileiro. É preciso ver a temperatura da crise econômica e a sensação epidérmica da crise política, moral, etc... Temos 12 pontos de taxa de desemprego, mas para populações abaixo de 25 anos é de 36 pontos. A taxa de desemprego de quem tem formação universitária é de 48 pontos. Ou seja, a CNTU começará a enfrentar a pressão por demissões.

Santo Agostinho disse sobre o tempo: “Eu sei o que é, você sabe o que é, mas eu não sei te dizer o que é”. Há coisa que são mais difíceis de serem explicadas do que mostradas. Um ministério previsível, que teve a intensão de agradar o Congresso, pois é um governo parlamentarista. O Ministério da Economia tem a equipe mais homogênea e poderosa neoliberal há tempos. A Petrobrás foi entregue ao rentismo. Não vai mais furar poços, vai engajar gente em ideologias de mercado, como a Kroton. Temos um Executivo fraco, dominado, e um Ministério da Economia forte, dominante. Sem reajuste para o bolsa-família e sem reajuste para o funcionalismo.

O mercado espera a gente ficar manso para dar o golpe de misericórdia. Ou seja, existe um governo parlamentarista e um governo econômico. Quem manda de fato? Um governo plebiscitário sem plebiscito. Um governo ilegítimo. Mas estão aprovando leis, como a reforma da previdência, algumas na calada da noite, e a pasta de dente nunca volta ao tubo.

Conseguimos o Dieese nas discussões. Esse esforço só foi possível porque nós não caímos na armadilha de valorizar o transitório emotivo e subestimar o estruturante destrutivo. A razão antes da emoção. Devemos resistir ao assédio, mesmo que seja só um pouco, pois não se pode modificar uma cultura do dia para a noite.

Sr. Odilon Guedes
O governo está nas mãos dos bancos, sempre esteve, inclusive o governo eleito anterior. Acontece hoje, a visão se clareando em relação o comportamento dos bancos com a economia real do país.

Eles colocam o Ministério da Previdência no Ministério da Economia, o interesse de milhões de brasileiros nas mãos de um banqueiro. Uma vez que os bancos são os donos do consignado e do cheque-especial dos aposentados. A imprensa, dia e noite, fala em crise da previdência com cálculos simplistas e duvidosos e todo mundo acredita. Estão desmontando o Brasil, uma recolonização. Acabando com a saúde, a educação, a previdência, a cultura e a industrialização. O grande problema não é a dívida pública de 70% da economia brasileira, mas que este dinheiro é usado para pagar juros, não vai para a realidade, comércio, serviços, indústria e agricultura, é para pagar uma taxa de juros real de 6%. A dívida dos EUA é de 110%, a do Japão é de 220%. Não é esse o problema.

O Pensamento Único da mídia. Sem oposição. em a cabeça de quem lê pouco e que pouco tem acesso a informação, dia e noite. As pessoas são ignorantes por que recebem só um tipo de informação. Sem contradição. Ninguém fala em juros para banqueiros. O ano passado o governa pagou 500 bilhões de juros, e neste ano são 600 bilhões, são 9% do PIB, mas ninguém fala nisto. Não é a economia real, mas de quem vive vampirizando a economia real. Somos o 9º PIB e o 78º em IDH. Uma brutal concentração social e de renda. 20 mil famílias detém 80% da dívida pública, 4 trilhões de dólares. Ou seja, as solução não é pagar a dívida cortando gastos, mas gastar mais, gastar em infraestrutura, gastar mesmo, investir em produtividade, e parar de investir em especulação. O FMI, isso mesmo, o FMI recomendou que a Europa gaste com o social. Gastar não é o problema, o problema é sustentar um sistema financeiro parasitário da economia sem contrapartida necessária nenhuma. Só assim é possível injetar vitalidade na economia.

O problema que você tem um lobby no setor financeiro, brutal, para ganhar dinheiro. Tem de baixar a taxa de juros à força, se for o caso. Convido todos a acompanhar os orçamentos públicos para participar da política, não ficar aguardando os próximos capítulos da novela da Lava Jato, que tem mocinhos e vilões com desenrolar e final previsíveis. E o CARF que cobra propina para perdoar dívidas bilionárias? Propomos outra reforma tributária. Diminuindo os tributos indiretos e tributando as grandes fortunas e rendas. Exemplo, o Imposto Territorial Rural do Brasil, do Brasil inteiro, o ano inteirinho é menor do que dois meses de IPTU da cidade de São Paulo. O agronegócio, nesse cenário, pode ser considerado isento.

O Brasil tem 60 mil homicídios por ano, é mais do que a guerra da Síria. Mais de 40 mil mortos em acidentes de trânsito. Tudo isso pode ser considerado como herança da desigualdade, temos de pegar os impostos e obrigar quem tem mais pague mais, isso é normal no mundo, não tem nada de revolucionário.

Perguntas
E os tributos brasileiros são excessivos? E quanto a Lei de responsabilidade fiscal, alguma proposta objetiva para resolver a questão da dívida pública? Como acompanhar o orçamento pela internet? Temos uma crise de mídia? E a precariedade da Saúde? E as empresas estrangeiras comprando equipamentos de Saúde?

Respostas:
Sr. João Guilherme Vargas Netto
Um lobby no congresso para desmanchar o Brasil. Precarização da mão de obra e das relações entre trabalho e capital, enquanto a janela de oportunidades não se fecha, vamos ver da forma exata, a mais viável, como o paradoxo do grego de transportar uma tonelada de trigo. Ser pragmático cuidando do permanente negativo e sem se iludir com o transitório ilusório, o rentismo está enrabando o produtivismo. A esquerda brasileira que perde e se perde. Derrubar o Meirelles seria fácil, mas ninguém se atreve? Se falar em uma tonelada, não tem solução, mas e 5 em 5 quilos, então?

Sr. Odilon Guedes
Para por dinheiro em algum lugar tem de tirar de outro, é preciso entender. Não pode o presidente do Banco de Boston (Henrique Meirelles) vir aqui e enfiar goela abaixo a reforma da previdência. O Titanic afundou com todo mundo, não apenas com a classe C e D. Explora-se a crença de que a produtividade aumenta na privatização, não com maior investimento em setores internos das empresas. Fatiar a Globo pode ser a solução como na Argentina, o ponto falho desta estratégia é que se pode formar um lobby de interesses privados e organizar o discurso de comunicação, como aconteceu na Argentina. No site Secretaria do Tesouro Nacional tem os orçamentos, mas é um labirinto. A sonegação é brutal. É preciso enfrentá-los.

Sra. Carmen Cecilia Bressane
A previdência não é deficitária, por exemplo, a Cofins é receita da previdência. Esse dinheiro está indo para onde? Para pagar dívidas com o sistema financeiro, para os bancos. A Dilma enfrentou essas forças, abaixou os juros, e ocasionou a queda dela. Então, essa foi a falta, nunca ter enfrentado os bancos. A auditoria é muito importante, a mesma auditoria feita na Grécia se constatou fraude monumental. A SELIC dá esses lucros exorbitantes aos bancos em sacrifício da economia real. Somos sufocados por uma base monetária de 5% que deveria ser de 40%. Mudam  governos, mas governos não enfrentam, não têm coragem de enfrentar o sistema financeiro mundial, ficam subservientes a esse sistema financeiro mundial para não cair, e não pedem ajuda à população.

Soberania (Resenha).

Xenofobia ou medo de tudo o que é estrangeiro, estranho e de fora. Manipulando as palavras, se manipula a realidade pelo sentido dela. De maneira involuntária por parte de alguns, de maneira calculada e intencional por parte de outros. Criam a confusão entre xenofobia e soberania. Até ser considerado um ato de inteligência passar do primeiro grupo ao segundo, passar de ingênuo a manipulador. País soberano é país que se autogoverna e se autotransforma.

A herança maldita brasileira da imaturidade política, facilidade de ser manipulado, das elites disfuncionais, impedimento de ser um país para todos seus habitantes, e da democracia restrita, mantida para poucos cidadãos, são exemplos.

5% dos economistas dizem, os jornais reproduzem e as televisões ampliam que o Brasil precisa com urgência de uma injeção de capital, mas ele não está doente, nem carece desta poupança, pois já a tem, para cada dólar que entra no país saem três dólares. Isso mesmo, exportamos capital, e estamos prestes a começar a privatizar dinheiro público. O swap cambial é vender dinheiro, ou seja, o dinheiro é comprado caro e vendido barato. Prejuízo. Burrice cambial. Swap significa permuta. 5% dos economistas dizem, os jornais reproduzem e as televisões ampliam que... Mentem. Não precisamos de investimento externo, ele precisa que o nosso dinheiro seja investido aqui. Portanto, cabe sempre a pergunta, quando dizem, reproduzem e ampliam: É verdade? Para quem? De quem? Por quê?

De todo nosso capital, 95% foi exportado e apenas 5% foi importado.

Os lucros abusivos com uma taxa de juros de 400% é corrupção, mas é legalizada. Transformou o país em um cassino internacional, descompromissado com a produtividade da agricultura, da indústria, do comércio e dos serviços.

Nossa mídia bilionária tem o mesmo comportamento em relação à narrativa da corrupção. O papel da imprensa em democracias é decisivo, mas, em todas as nações soberanas, as grandes corporações de mídia são regulamentadas. Não é censura, assim como o capital precisa de freios, a mídia também precisa. Todos estamos sujeitos a leis e regras, assim, não há motivo para dispensar ninguém de limites.

Os sociólogos da hegemonia veem o mundo segundo uma óptica monolítica de países, os de cima e os de baixo, os melhores e os piores, e explicam tudo segundo esta ordem hierárquica. Seguindo essa linha de raciocínio, nos países melhores a corrupção é tópica em casos isolados e nos países piores ela é sistêmica. A mesma óptica se repete em relação aos partidos políticos de nosso país, a corrupção é tópica no partidos melhores e sistêmica nos partidos piores. Basta dar um passinho adiante para notar a distinção.

Não existem conceitos universais quando partimos para a prática. Existe, essa pessoa, esse contexto, essa história, essa estrutura, todos com sua realidade concreta específica. Desta vez, podem nos auxilar muito os brasileiros que pensaram a nação: Hélio Jaguaribe, Florestan Fernandes, Venício Lima, Celso Amorim, Samuel Pinheiro Guimarães, Julia Falivene Alves, Jessé Souza, e Darcy Ribeiro.

Numa perspectiva histórica, soberania é um conceito político, uma forma política, sem subserviência, sem dominação, sem sujeição, sem bajulação, sem corrupção, com autonomia, com segurança, com integridade, com honestidade, com simetrias a serem construídas, conosco, com nós mesmos, uns aos outros. Todos.

Ao longo de 130 anos de história passamos por 30 golpes de estado e vários regimes de governo, dentre eles, monarquia, república, parlamentarismo e presidencialismo. O sistema é estável, os regimes não. Poderiam ser dinâmicos, mas é instável a sequência de regimes brasileiros desde sempre. Poderíamos dizer que nosso subdesenvolvimento é estável. Apesar de o país ter muito o que contribuir ao mundo em diversas áreas, por exemplo, engenharia civil e psicanálise, o Brasil tem características gritantes de subdesenvolvimento. Podemos esquecer um pouco o fato de que fazemos três dólares com cada dólar que cai em nossas mãos.

Então, é útil pensar o subdesenvolvimento, como é útil pensar a morte. Não o morto da funerária, dele nada podemos tirar de provas, nossa convicção é a dialética entre vida e morte, entre desenvolvimento e subdesenvolvimento. É necessário, conforme os caminhos que nossa democracia tem trilhado, voltar a pensar o subdesenvolvimento. De fato, estagnação ou baixo crescimento, marginalidade ou amplas parcelas da população sem direito aos frutos do seu trabalho, da riqueza que produz, elites disfuncionais descomprometidas e divorciadas dos interesses nacionais e populares, incapazes de equacionar um sistema de trocas sociais voltado para a construção de igualdades inerentes às democracias clássicas, incapazes da elaboração de um amplo projeto nacional democrático. O subdesenvolvimento existe, basta nos compararmos a países escandinavos que a realidade pula na nossa frente. Embora seja necessário reconhecermos nossas riquezas antes de as tirarem de nós.

Existem conquistas internas como decorrência de governos populares eleitos pelo voto, como o combate às desigualdades e a promoção da inclusão social, além da manutenção de direitos e do patrimônio do país. Tudo isto está em perigo no momento, se não trancarmos as portas depois de sermos assaltados.

Estamos em uma encruzilhada: a opção é ou entrar no jogo servindo os vencedores, um jogo já vencido de antemão, ou participar da construção do seu próprio tabuleiro com outras nações em condições e interesses semelhantes. Isto significa, ou aceitar docilmente determinações culturais externas, ou resistir construindo e cultivando seus próprios valores sem nenhum complexo de inferioridade.

Darcy Ribeiro: “Preste atenção, nós temos que inventar o Brasil que nós queremos”. Olhando para o espectador que estivesse assistindo O Povo Brasileiro. Um povo misturado, o povo é uma cultura nacional muito diversificada, de imigração europeia e asiática, com negros escravizados e índios. Esse pensador partiu para a ação, não lhe bastou escrever, embora, mesmo muito debilitado por um câncer, não tivesse deixado de colocar seu pensamento em palavras no papel. Foi político, foi exilado, foi esquecido, foi relembrado. Criou leis, museus, escolas, até participou da criação do Sambódromo que é escola também. Sem dúvidas de que nunca foi acometido pelo complexo de inferioridade, mesmo não desprezando aqueles a que se acometeram desse mal psicológico, quase social, ao ponto de lutar para resgatar esses brasileiros. “O que é que todos nós queremos? É fazer um país habitável, em que as pessoas existam para serem felizes, alegres, amorosas, afetuosas, todo mundo comendo todo dia, não é uma alegria? Não é um absurdo que num país tão grande, tão cheio de verde, tenha tanta gente com fome? O Brasil não tem nenhum bezerro abandonado, não tem nenhum cabrito abandonado, nenhum frango, todo frango tem um dono, mas têm milhões de crianças abandonadas. Quando uma sociedade perde o seu nervo ético, perde o seu amor, o seu apego por suas crianças, que é a sua reprodução, é uma enfermidade tremenda”. 

A academia brasileira pouco reconhece o pensador Darcy Ribeiro, talvez por causa de sua ação política, pois a ação revela quem somos e não o que queremos parecer, ninguém é perfeito, assim, em busca do fazer, ele arranhou sua própria imagem, um crime segundo os valores vigentes e amplificados da autopropaganda. Talvez por causa do seu sucesso: “Fracassei na maioria das propostas que defendi, mas os fracassos são as minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. Práxis é a dialética entre pensamento e ação, e um não exclui a outra, pelo contrário, são dependentes entre si.

Matar e esmagar em vingança de armas no fulgor da luta vitoriosa de terror retumbante aos heróis esplêndidos e bravios em perfeita coragem até o túmulo de nossos inimigos, somos gigantes turbando a terra em desafio contra quem combate nossa idolatrada pátria, morte aos párias!

Dom Pedro I gostava deste estilo poderoso e privilegiado de escrever, pois gostava de escrever hinos. Tais palavras estavam proibidas no edital do concurso de composição de um novo hino nacional, mas são palavras usadas em hinos de todo o mundo, infelizmente. Nós podemos notar que todas elas estão também em qualquer noticiário bélico, e até no noticiário esportivo. Bem como em jornal popular, que, se espremer, pode derramar.

A ideia foi fazer um hino doce, singelo e humano, cantando a fragilidade da vida, que é a força dela, no lugar de um hino que canta o delírio de onipotência que motiva a dominação do outro, e sua aniquilação. E com participação popular, de baixo para cima. A letra do poeta Reynaldo Jardim venceu por voto popular e foi musicada pelo maestro Jorge Antunes que concebeu a ideia participativa e coletiva.

Mas, o maestro desistiu da empreitada, após receber uma ameaça anônima. No entanto, nem tudo foi derrota, a lei que engessaria os símbolos nacionais, como a bandeira insígnia, os selos, o brasão e o hino nacional, foi modificada por unanimidade na constituição de 1988, o que facilitou o acréscimo de uma estrela à bandeira nacional quando da criação do estado do Tocantins.

Quando a economia vai bem, a cultura responde sim, houve uma geração que viveu isto na pele, Cinema Novo, Poesia Concreta, Bossa Nova, uma MPB ativa e inteligente, um teatro inovador e uma universidade comprometida com a  a realidade. Veio o golpe de 1964 para cortar as cabeças destes movimentos a fim de decepar nosso progresso, porque a cultura e a economia podem completar-se. E não há cultura soberana sem economia soberana, e vice-versa.

A cultura sempre responde bem à economia. Ao contrário do que é amplificado, na história do Brasil, ocorrem mais perseguições em função das vitórias e das realizações, do que por causa de vícios e defeitos. Assim sobrevêm os golpes, por armas ou por canetadas, para cortar nossa trajetória quando ela tem de profundo o sucesso. Assim assassinaram Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e João Goulart.

Nossa Amazônia é a maior reserva biológica do planeta, faz 64% do território nacional ser composto de verde, florestas, é o pulmão do mundo. O Pré-Sal é uma grande reserva de petróleo de boa qualidade, uma grande riqueza do país, uma vez que se estabeleceu que vá para a educação boa parte dos recursos levantados. O Aquífero Guarani está em processo de pesquisa de preço. A Odebrecht está sendo destruída por ser um concorrente internacional muito forte na área de engenharia civil. O IPT pode não chegar a 2022, pois o sistema de ciência, tecnologia e inovação está em situação muito delicada. Fecharam as portas do Ministério da Ciência e Tecnologia. Tudo isto é muito grave e deixa a soberania do país em situação precária. O capital precisa de freios, toda a nação que não colocou freios no capital afundou em crises estruturais, em miséria e em morte de sua população. O Estado Nacional é decisivo para o futuro de um povo.

Diz a constituição no capítulo que rege a ciência e a tecnologia: “O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.” (Art. 219, Cap. IV, da Ciência, Tecnologia e Inovação). Deste modo, se conclui que o mercado interno é a maior riqueza de um país. E pertence a todos, ao povo e às elites, não sendo ele propriedade dos meios de comunicação isoladamente, ou sendo ele apenas patrimônio empresarial. Direito de todos decidir pelo futuro do mercado e participar de seu presente, sem exceção.

Ressalta-se que o mercado interno de uma nação é propriedade de todos os cidadãos e deve ser protegido. Conservadores e liberais não têm mais o domínio da realidade e o controle da soberania que tiveram outrora. A luta política se tornou uma causa moral, de acordo com nossa realidade cultural de hoje. O Estado se tecnocratizou e autocratizou, ou seja, a caneta ficou mais poderosa do que a espada. Veja, como exemplo, a importância da justiça, hoje, na vida pública. Quando os incluídos nela estão sob proteção e quem não faz parte do mundo jurídico corre sério risco de morrer.

Não a democracia do capitalismo selvagem, mas a democracia do capitalismo inclusivo, para se estabelecer, precisa associar os interesses entre capital e trabalho. O mercado não é senão a formação social, política e econômica do mercado interno. É o ambiente aonde todas relações entre trabalho e capital se dão. Proteger esse meio é proteger a soberania e proteger o país, sua população e sua cultura. O capitalismo que queremos não implica na morte de nosso concorrente, mas em vencê-lo pelo trabalho, pela ciência, pela inovação e pelo conhecimento, nunca neutralizá-lo pela violência, derrotá-lo pela força em uma disputa que deveria ser leal. O mercado interno é o lugar do bom combate. Talento é para ser reconhecido, é para ser cuidado, não é para ser destruído.

Não se trata de declarar guerra, estamos precisando de agir com a razão, é necessária maturidade política para encarar ao mundo. Trata-se sim da dialética entre soberania e modernização. Sem que um engula o outro. Ou só descanse quando exterminá-lo.

Precisamos fazer tudo isto com muita poesia. O pacto social da constituição de 1988 foi quebrado, e não fomos nós que o quebramos. A mídia é tanto mais forte quanto mais fragilizadas forem nossas instituições. Inteligente seria que nossas empresas de comunicação deixassem seus interesses disfuncionais de lado e lutassem com o povo por um país melhor. Se no lugar de ter os mesmo interesses de Holywood, tivessem sim a mesma atitude.

Nós estamos convidando todos para compor climas, estéticas, magnetismos, carismas, comunicações que anulem o efeito sinistro da hipnose das empresas de comunicação. Então, polinizando o país com uma arte e uma ciência compromissadas com a fragilidade da vida, que não é a morte, mas apenas a possibilidade de conhecer o devir, o limite. O mundo da cultura vai nos unir, do norte ao sul, do leste ao oeste. Mobilização social na prática e na teoria, na ação e no pensamento. Convidamos aqueles que estão com uma espada de Dâmocles sobre suas cabeças, que sambem de lado e deixem, em seus antigos lugares, o nó Górdio que os amarava sob ela.

Uma Logomarca de Ruy Ohtake.

“O térreo é dos meninos que moram lá". Disse, certa vez, esse jovem ancião, quando com muito gosto se referiu a uma obra já pronta. Os apelidados, Redondinhos, lá de Heliópolis. Destacando-se a interação entre a sociedade, sua população, com a sua cidade. Ruy Ohtake é arquiteto formado pela USP e filho de uma reconhecida artista plástica, Tomie Ohtake, da qual herdou a generosa intuição, e admite-o. É necessário olhar para as comunidades. Mas, o caráter simbólico é tão ou mais importante do que o caráter material. Estética é para qualquer um e para todo mundo. Tenha ou não dinheiro. Tenha ou não residência, Tenha ou não emprego. Assim,  matéria e símbolo coabitam em sua obra.

Verdade que vai muito além da obra. Ruy Ohtake fez questão de entrar em contato com as pessoas para quem iria construir uma obra pública de moradia. Como disse, em situação de dupla responsabilidade. E tudo começou com um equívoco de uma revista que tomou a parte pelo todo, quando o arquiteto disse que a coisa mais feia em São Paulo era a desigualdade entre Morumbi e Heliópolis... Não apenas Heliópolis!
Não é suficiente que o projeto esteja detalhado. É imperativo o contato com a comunidade. E ainda hoje é possível encontrar o arquiteto em Heliópolis acompanhando a vida que seu projeto abriga. Obras sofisticadas são relevantes. Mas, a síntese de obras socialmente importantes nunca deve ser relegada a segundo plano.

Símbolo e matéria, em breve vamos a essa simbiose. O ser humano é habitante por natureza. Pode-se dizer que a placenta foi seu primeiro habitat. Aonde adentrou a esfera de existência em indelével convivência. Nunca fomos, nenhum de nós, um só, um único. Já surgimos em dois, e em muitos permanecemos mundo afora. A arquitetura manifesta arte em criar espaços de brincar, de trabalhar, de conviver, de se proteger e de sobreviver. Pode ser difícil, a cidade, pode ser acolhedora, mas a convivência entre as pessoas cria a cidade seja lá como ela for. A qualidade da proteção que uma cidade dá aos cidadãos é proporcional ao cuidado de imunização mútua entre todos nós que damos uns aos outros. Os prédios estão em segundo plano. O ser humano habita de diversas maneiras, mas o importante é o espaço habitável. Tensão de um acorde musical para criar um clima, uma estética, uma possível liberdade. Suas esferas protetoras, aonde se recomporão, se reabilitarão, se prepararão para voltar ao lado de fora, aonde as atividades são vitais, comunicação de símbolos, amor, palavras, roupas, desenhos, pinturas, acervos, modelos, esquemas e de matéria, comida, roupas, dinheiro, pinturas, acervos, tijolos, fontes, água e esgoto.

A palavra “política” vem de pólis, palavra grega para cidade. Ou seja, ao contrário do nosso sinistro tempo, política significa convivência entre cidadãos. Claro, o estatuto do cidadão grego à época não se compara ao estatuto do cidadão de hoje. Mas, convivência é convivência, não guerra, e para conviver é preciso se preparar. Daí a necessidade de materializar em um símbolo esse projeto, Brasil 2022, numa logomarca. Projetada de maneira inesperada por Ruy Ohtake. O homem é um animal político diz uma metáfora consagrada e, talvez, ultrapassada. Inteligência é saber viver em comunidade também. O sentido da comunidade.

“Estética pode ser em qualquer lugar”. O magnetismo de um lugar pode propiciar uma vida melhor ao seu morador. Quando uma casa comunica algo a alguém ela é uma casa mais viva, e todo mundo quer ficar um pouquinho mais vivo. Por isto espalhamos cores por aí, em todas as ruas, de todas as praças. Estética pode surgir das situações mais simples, um aperto de mão, um aceno, um magnetismo de comunicação e prazer. Um gesto de imunização e de comunicação ancestral que carregamos conosco em nossa casa.

O arquiteto assume que passou a lutar por uma cidade mais igualitária. E a logomarca traz consigo a intenção de atenuação das desigualdades observada pelo arquiteto.

A cor é importantíssima para ele, essa coisa simples, de uma demão de tinta, é uma caráter importantíssimo da obra do arquiteto, a primeira comunicação da pessoa e de sua casa ao visitante inesperado ou desconhecido. Convivência, visão pra fora, luz que entra para a pessoa e para a cor na pessoa, cor simbolizando alegria, cor é uma coisa muito brasileira, frutas, comida, tecidos, carnaval, festas, expressão, cor é alegria, cor é mensagem, na logomarca cor é reestruturar o futuro, complementando o passado diante da tradição e da criação de um futuro, cor é uma coisa muito brasileira, cores fortes...cor com compromisso de cor e de coração, cores fortes... Emoções. Calor humano.

A logomarca Brasil 2022 tem uma complementar entre duas condições de cores, laranja e verde são complementares, e passado e futuro também o são. Ela é menos uma casa e é mais uma ágora, menos o lugar do pensador privado, aquele também privado de comunicação simbólica, e mais o espaço do pensador público, aquele capaz de integrar em si até os maiores horrores da humanidade, embora, nem sempre, seja necessário ir a tanto. E, embora, seja necessária a casa.

Vemos o traçado dos jovens crescendo em inteligência em meio a uns devaneios tolos como trajetos de insetos procurando e procurando, mas sempre indo e indo. Temos nela o compromisso de quem chegou antes no balizamento da vida, não no seu controle. Deixa o menino brincar. Mas, em dupla responsabilidade com uma mudança de rumo, pois o devir histórico é sempre mudança de rumo, para a esquerda ou para a direita, para cima ou para baixo, para frente ou para trás, para dentro ou para fora. Sempre para o inesperado de estar lançado ao mundo. Crianças gostam de insetos e de dinossauros.

Os rabiscos que sustentam os dois traços e abrem para o observador a cegueira do presente sempre em projeto, que pode ser documentado, mas perde sua validade na documentação. Um projeto de ir junto. Em comunidade. Na convivência entre as pessoas. Em responsabilidade mútua e compromissada. Surge a questão de quem cuida de quem na verdade. Por isso, toda a arrogância e a presunção se invalidam por si mesmas. Quem cuida de quem? A logomarca não diz, mas nenhuma obra de artes plásticas tem necessariamente de dizer algo, é para ser vista apenas. Colocar tudo dela em um texto é de uma presunção sem limites. Mas, pode ocasionar algumas luzes. Alguma comunicação. Rabiscos de liberdade emoldurados por dois traços, um deles é o plano já feito e outro traço é o plano por se fazer. Imanência, o cotidiano, o dia a dia, nossa esfera principal, e o conceito, o esquema, o sistema, a ideia que nos motiva a ir em frente cegos tal e qual outro como nós.

A escultura aonde o caos sustenta o passado e o futuro. Claro que podemos escolher evitar o caos! Mas, pelo conceito que leva à transcendência. Sim, podemos escolher apenas entre o caos e a transcendência, são conceitos mutuamente excludentes. Sermos espectadores passivos que gostam de olhar o jogo. Ou, podemos jogá-lo também com as ferramentas que temos.

Um pouco menos de estrutura e um pouco mais de história. Em 2022, o Brasil faz 200 anos de fim da submissão material à metrópole, se desfaz o laço legal da forma jurídica nos ligava a Portugal. Em 2022, nosso país rompe os laços de imitação pura e simples dos símbolos estrangeiros que nos ligavam aos países mais, digamos assim, desenvolvidos que nós, e iniciamos a busca de um caminho próprio, são 100 anos de Semana de arte Moderna de 22. Assim, na posse do símbolo e da matéria, sobra inteligência para construir um futuro em comum. Estamos contando história por que a logomarca se recusou a contá-la e alguém tinha que fazer isso. 

Estilo é um pouco de uma época, o estilo são formas artísticas comuns a um tempo específico em um espaço determinado. A logomarca é um elemento de negação do estilo, vive entre a abstração e a concretude de dizer apenas como e onde estamos. A atividade do arquiteto está entre a filosofia e a biologia. Esta logomarca transgride a forma de tal maneira que se vê uma arte propositiva de uma tensão, a tensão necessária à vida, à criação e ao conceito, tarefa que precisamos realizar para escapar do caos, aos pulos por cima do plano da imanência, pela transcendência que nos permite ver todo o cenário, para finalmente estabelecermos nossos papéis, assim que pousarmos. Casa é também para isto.
O bom marceneiro é amigo da madeira. Assim disse o filósofo, para o qual, amiga e amante é a filosofia. A logomarca é amiga sabedoria quando propõe uma forma de olhar o mundo. Somos irremediavelmente livres e rivais. Aceitar essa realidade é aceitar a Pólis e a política necessária para conviver em cidades. Discutir não é se digladiar. Bater à espada é outra época histórica cada vez mais próxima. Descobrir o outro é mais que necessário à convivência, no lugar de negá-lo, ir de encontro a ele, para uma surpresa, tanto um abraço como uma agressão. Não sabemos, esta é a tensão do outro. Somos sempre outros de nós mesmos.

O pensamento é simétrico, mas a realidade é assimétrica. A escolha feliz de uma “assimetria simétrica”, por ser uma simetria longitudinal, causa um espanto e dá uma esperança para vivermos, um dia, um tempo melhor. Mas, quando vivermos um tempo melhor, conforme o esperado, a logomarca poderia ir a um museu para testemunhar a virada de que precisávamos, mas não víamos. Filosofia. Símbolo.

A arte não é um crânio, ela é uma carne preenchida por uma ossatura, e a casa é o cosmos aonde nos recompomos para novas jornadas pela vida. As cartilagens estão lá, estamos em movimento, precisamos descobrir como estas forças e cartilagens se comportam para finalmente aprendermos a andar. Equilíbrio e pé-no-chão. Biologia. Matéria.

Os dois traços definem um plano de imanência, ou melhor, são definidos por ele, os rabiscos são conceitos, preceitos e afetos que estamos apalpando e apalpando para encontrá-los de tanto ir de encontro a eles. Pois, o horizonte também se movimenta junto com nossos passos. O horizonte é nossa utopia. O plano está sendo dobrado e costurado em um tear de retalhos por uma agulha magnetizada, de uma bússola, incessantemente a costurar e costurar. Os rabiscos são os traçados da agulha, e os traços são as lançadeiras que corrigem o rumo do retalho enquanto passa a fazenda. Um bordado mui generoso. O pensamento é aquilo sobre o qual a direção da agulha se volta. Como a agulha da bússola que vai e volta sobre a agulha da máquina-de-costura.

Escurecendo um pouco: Os traços são diagramáticos do movimento infinito das balizas, têm direções absolutas de natureza fractal do plano esfolhado e esburacado. Os conceitos são os rabiscos intensivos em superfícies e em volumes sempre fragmentários. Disse o filósofo. A logomarca é riacho de cujas as margens são o campo transcendental, quase caos, o antes e o depois. E a gente no meio se banhando alegremente com nossas duas  asas-nadadeiras. O caos não é disforme, ele se caotiza, se faz outremforme, modifica todo o cenário, não o acinzenta. Só mergulhando no caos que os possíveis da transcendência surgem. Pois a imanência é perigosa demais, e precisamos driblá-la como meninos jogando bola-esfera. O caos contém tudo. A ordem é criação nossa, quando atribuímos um sentido para existir. Assim, combinamos o movimento dos rabiscos com a potência do horizonte absoluto dos dois sólidos-traços. A história é coexistência transcendências não é sucessão de imanências. Minha transcendência não anula, obrigatoriamente, a de ninguém, nem mesmo a sua, caro leitor. Meus saltos não obrigam que eu lhe amarre seus pés, pelo contrário, leitor, saltos em grupo são mais ornamentais. Chega!

O convívio é uma ocupação da arte do arquiteto, o convívio entre pessoas  e o convívio entre ousadia e inovação. Se as palavras são “ousadia e inovação”, a Brasil 2022 exibe uma bela tensegridade,  palavra difícil para o fato de que na física não existe pressão, isso mesmo, deixa de lado essa concepção antiquada de que trabalhar é aguentar pressão, no lugar da pressão temos uma coexistência ativa de forças de compressão e de tração. Isto é tensegridade. Uma bolha de sabão. A história se move em ziguezague como os vetores tensegrantes. Como as serpentes. Nela, se veem os traços espessos, mas curtos que seriam os limites,  os devires, aquilo que não temos como ultrapassar, um conjunto de valores morais, tecnológicos, técnicos, jurídicos, políticos, sociais, estéticos, culturais, etc... que não podem ser ultrapassados como muralhas protetoras, e os rabiscos, nossa área de ação aonde desenvolvemos os possíveis de nossa criatividade e nosso sentido.

A logomarca informa a liberdade que sonhamos. Precisamos aprender a nos imunizarmos uns aos outros para fins de chegarmos ao futuro com uma sociedade mais igualitária e menos desigual. Nos imunizarmos dos venenos deste tempo sinistro em que estamos presentes, e assim nos destacarmos desta parede simbólica e material na qual estamos presos para fazer dela nosso habitat natural. A ausência de tensões é um privilégio emburrecedor e embrutecido. Pelo contrário, não queremos  espaços de mimo, queremos os desafios.

Então, a marca artística é referência nos dois traços, e é conceito nos seus rabiscos, visando dizer à história: Estaremos aqui, no Brasil, em 2022. Celebração da vida.

Para finalizar, as próprias palavras do arquiteto, Ruy Ohtake: “A mancha verde propositadamente rabisco, porque em meio aos rabiscos, que vamos ter de construir nossos caminhos pelo Brasil e, algumas diretrizes, são os dois traços.”

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Conspirações e Consciência.




eu compartilhei, pois estou tentando entender, essa das roupas e a outra da ausência de sangue no embaixador morto,

é que não dá mais pra confiar na televisão nem na edição dela, também não dá pra confiar nos grandes jornais impressos,

meus amigos do facebook merecem mais confiança, pois são honestos e francos, os que falam, pelo menos.

podem estar errados e/ou cometerem imprecisões, mas não manipulam com inteligência segundo um plano de comunicação visando muuuita grana.

acho que houveram os mortos sim, mas o curioso foi o fato de que tudo foi televisionado, tudo preparado para um show midiático, tudo previamente instalado no local, tudo produzido.

Bananalização ou a Banalização em Bananolândia.

bom contra o preconceito é a conscientização, não a banalização, a massificação pode até levar à conscientização de alguns iluminados, mas, no geral, a banalização serve apenas para instalar na sociedade estratégias de soft power (poder disfarçado), ou seja, tão violento quanto o hard power (poder tirânico), só que com discurso politicamente correto.

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Tautologia.

Gente que vê televisão, e se imbeciliza vendo televisão, e, no ato de se imbecilizar, aprende como se imbeciliza alguém, e parte para imbecilizar geral. Disso a televisão tira seu prestigio. E os imbecis saem para viralizar imbecilidade na internet. O Umberto Eco pegou foi leve.

Mistificação.

Uma apresentação musical chamada de ocupação cultural por seus músicos, ou seja, uma ação de marketing e de propaganda de si para chantagear a prefeitura e receber verba pública e outras coisas, mais do que sobreviver, foi um ato político da pior espécie, digno da política corrente de hoje. Anti-ética pré-prêmio de edital e coisa e tal.

Educação vs. Televisão.

O Paulo Freire mandou a real de que se deve sempre saber pouco para se preparar em saber mais. Por isso a televisão atenta contra a educação, pois aquela nos deixa com a impressão de sabermos muito, e assim nunca nos preparamos em saber mais. Ficamos contentes com a ilusão de onisciência, e nos dispensamos da deliciosa aventura do conhecimento. Ou seja, a televisão nos deixou burros, muito burros demais.

Modernos.

Quando uma pessoa preconceituosa resolve deixar de ser preconceituosa e passa a militar nas trincheiras do anti-preconceito radical acaba por se tornar excludente, repetitiva, chata, rasa, artificial e irracional. Essa é a cara do movimento desconstruidão atual. Gente, de nada adianta desistir de preconceitos sem enxergar cada outro do caminho. É mais do que apenas uma troca de sinal. É mais do que uma operação mental. É bem mais do que um discurso correto. Sou eu, sou você e somos nós. Os nós dessa rede que nos enreda. Histórias, estruturas, funções e valores. Paz.

Conservadores Sem Escolha.

O povo brasileiro não é conservador.
O empresário/empregador, ele sim, conservador beirando o fascismo. Até o ponto de que esquerdistas não podem, nem devem, ou merecem, ser empregados e/ou ter seus negócios homologados pelo mercado. Assim, sem acesso a qualquer tipo de sustento, são mortos de miséria. Maneira fácil de matar sem esforço nem consciência ou consequência. Qualquer pobre do povo TEM PÂNICO DE SER CONSIDERADO DE ESQUERDA e morrer de fome. O Brasil reinventou a iniquidade. E o povo só é conservador para poder sobreviver. Eu entendo.

Fome e Mídia.

Eu estava acima do peso. Andou faltando alimento em casa, e, agora, estou no peso ideal. Em breve estarei abaixo do peso. Sabe aquele papo de que a população está engordando. Não somos nós, os pobres. E, quer saber mais? A mídia está tentando encaixar esse enveto de saúde pública como vantagem, fome é bom, evita obesidade. FdPs.

Não É?

Tem quem me persiga, me desrespeite e me exclua, de modo nenhum me prestigia ou ao que eu faço, mas querem que eu lhes ensine. Isto é, no mínimo, suspeito. Vão se danar, se foder e se ferrar. Teus pais nada me ensinaram, tudo me destruíram, então o que devo oferecer aos seus filhos?

Surfistão, Fortão e Valentão.

Lá vai mais uma do cotidiano ingrato e despeitado:

Aqui tem quatro. A comida é pouca. Quatro tem de comer. Mas tem um que come por três. E aos outros três resta comer por um.

Quatro partes. Um com três e três com um. Isto é Brasil.

Trata-se de um metido a atleta cujo único esporte é assistir televisão. E, se questionado, parte logo para a agressão física. Não perdoa nem minha mãe. Televisão no seu domingão.

Sabe daquele papo?

Casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.

Virou isso:

Casa que falta pão, todos apanham do valentão.

Não perdoa nem minha mãe.
#FelizNatal

Estresses.

Gente, me deixem estressar no facebook, ou no blogue, eu sou de carne, não de bytes, e destoo dessa ilha-bolha-falha de felicidade e auto-propaganda que é a rede. Meu estresse é quase interessante, não é? Admite vai! #Fui #PartiuSolidãoQuerida

Prosperidade.

Alguém diz para meus irmãos e para minha mãe que prosperidade não se ganha no grito? Porque eu estou cansado de apanhar. Quando acabar o maluco sou eu. #TocaRaul

Mistificação.

Dinheiro não tem importância, o que diz todos que têm como beber, comer, se vestir e morar.

A Globo Não É Minha Mãe.

Minha mâe assiste a Rede Globo e fica amarga qui nem giló. Se fosse minha filha, eu proibia de assistir essa torpeza. O bem, o bom e o belo é o meu, o do outro é o mal, o mau e o feio, meu resumo.

Não Mesmo.

Estou procurando trabalho, não vou me prostituir para conseguir dinheiro, nada contra as putas, mas existe algo que morre na prostituição que eu não desejo matar.

Não quero também trabalho misturado com prostituição, ou prostituição misturada de trabalho, o mesmo para casamento.

putz, deveria ter escrito "nada contra os putos também"

(como o hábito esconde o preconceito, né?)

Digo prostituição disfarçada de trabalho, não a prostituição de verdade, pois esta tem um código de ética muito claro, diferente de muitas profissões mais bem-pagas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Eles Sabem Disso.

o povo está ocupado demais trabalhando para não morrer,
e o restante do povo está fraco demais sem ter o que comer,
para ter por que lutar.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Politizando o Sexo.

o livro do Thoreau "Desobediência Civil" é um clássico entre os clássicos obrigatório,

minha maneira de desbedecer é sutil, quando a família ou a burguesia me mandam namorar com alguém, eu simplesmente ignoro,

esta foi a lição de outro livro, Gabriela Leite, "Avó, Mãe, Filha e Puta".

como é sua maneira de desobedecer?

pois um protesto só é protesto, e não loucura, no que todos sabem que é protesto,

e prostituição e protesto até rimam.

Jornalões da Telinha.

Comentarista do Jornal da Cultura, Ricardo Sennes, acusando o povo de ser: "esquizofrênico, esquizofrênico, esquizofrênico". Ele sabe muito bem que apenas 51 deputados foram eleitos por voto, os outros 450 foram eleitos por listas. O voto proporcional elegeu esses canalhas do nosso congresso. O Ricardo Sennes sabe muito bem disto, mas está omitindo e encobrindo tudo com a palavra mágica "esquizofrênico". Todo voto deveria ser majoritário. Mais votos, é eleito. A culpa não foi do povo. Não foi o povo que elegeu esta gente, foi o sistema eleitoral brasileiro que os elegeu. Que foi criado para isso.

Televisão e Teleologia.

pode dizer o que quiser, a televisão não se resume a programação de televisão, temos como checar a ação da sociedade televisiva na sociedade civil para vermos o que é dominação hedionda...

e teleologia é a técnica de dar uma notícia em que o telespectador tenha a impressão de que foi conclusão dele próprio, sem perceber que foi incutido.

Simulação.

Uma apresentação musical chamada de ocupação cultural por seus músicos, ou seja, uma ação de marketing e de propaganda de si para chantagiar a prefeitura e receber verba pública e outras coisas, mais do que sobreviver, foi um ato político da pior espécie, digno da política corrente de hoje. Anti-ética pré-prêmio de edital e coisa e tal.

Desconstruidões.

Quando uma pessoa preconceituosa resolve deixar de ser preconceituosa e passa a militar nas trincheiras do anti-preconceito radical acaba por se tornar excludente, repetitiva, chata, rasa, artificial e irracional. Essa é a cara do movimento desconstruidão atual. Gente, de nada adianta desistir de preconceitos sem enxergar cada outro do caminho. É mais do que apenas uma troca de sinal. É mais do que uma operação mental. É bem mais do que um discurso correto. Sou eu, sou você e somos nós. Os nós dessa rede que nos enreda. Histórias, estruturas, funções e valores. Paz.

Povão Conservador.

O povo brasileiro não é conservador. O empresário/empregador, ele sim, conservador beirando o fascismo. Até o ponto de que esquerdistas não podem, nem devem, ou merecem, ser empregados e/ou ter seus negócios homologados pelo mercado. Assim, sem acesso a qualquer tipo de sustento, são mortos de miséria. Maneira fácil de matar sem esforço nem consciência ou consequência. Qualquer pobre do povo TEM PÂNICO DE SER CONSIDERADO DE ESQUERDA e morrer de fome. O Brasil reinventou a iniquidade. E o povo só é conservador para poder sobreviver. Eu entendo.

Sucesso Apenas para Quem Começou Cedo.

Mentira que quem envelhece perde a capacidade de aprender. Esta mentira é controle social. Serve como pré-reserva de mercado para os jovens da burguesia subalterna e distribuição de brindes de reconhecimento para uns poucos jovens pobres de maneira a simular iguadade de oportunidades. Claro, a mentira tem de funcionar.