segunda-feira, 27 de julho de 2015

Enigma do Linchamento Decifrado (por Cassandra de Delfos).

é gente, assim se consuma o poder de nossa mídia, e revela o que é ter poder político, social e econômico no Brasil: me desculpe, mas é preciso problematizar o papel da mídia quando o Estado não se faz presente. linchamento ocorre em todo o Brasil, ninguém fala nisso pois todos são cúmplices, quem não lincha, se omite, essa é a lei. o poder no Brasil é feito disto, veja só, acontece em todos os bairros desde o mais pobre até 0 mais rico,acontece que enquanto os mais ricos podem apelar para o linchamento por violência simbólica, os mais pobres, que não dispões de tais ferramentas, apelam para o linchamento por violência explícita.

Aposto que a técnica da Rede Globo, e mídia submissa em geral, será a de noticiar a Sharia em substituição a noticiar esse fato infeliz.

São Paulo é o primeiro no "ranking"

"Brasil é país que mais faz linchamentos; Rio amarga vice-campeonato nacional

Pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) identifica 1.179 casos de 1980 a 2006, números crescentes."

Agora colo a matéria bem feita do jornal "O Dia":

"Rio - ‘Vieram três pra me matar. Não deixaram nem eu me explicar.” Um susto e ameaça de morte, foi o que aconteceu no ano passado com o ambulante K., de 41 anos. Ele foi confundido com um assaltante no bairro Fonseca, em Niterói, e por pouco não foi linchado. Estudos mostram que o pesadelo experimentado por K. não é uma exceção. Uma pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), que estudou casos de linchamento de 1980 até 2006, constatou que o Brasil é o país que mais lincha no mundo. Nesse período, foram 1179 casos. O Estado do Rio de Janeiro aparece em segundo lugar com 204 justiçamentos. Em primeiro vem São Paulo, com 568. No Rio, o linchamento mais recente ocorreu no domingo passado na Rocinha. Newton Costa Silva, de 54, anos. Newton foi encontrado morto e amarrado em um poste na Estrada da Gávea, depois de agredir com uma barra de ferro um bebê, uma menina e a mãe deles. 

Mortos assim são estudados há quatro décadas pelo sociólogo José de Souza Martins, professor da USP que acaba de lançar mais um livro sobre o tema ‘Linchamentos - A Justiça Popular no Brasil’. Sua última pesquisa traz dados aterrorizantes. Ele analisou 60 anos de justiçamentos e concluiu que mais de um milhão de brasileiros já participaram de tentativas de linchamento no país. No estudo, 2.579 pessoas foram alcançadas por linchamentos consumados e tentativas de linchamentos. Apenas 1.150 (44,6%) foram salvas. Outras 1.221 (47,3%) foram capturadas pela população e agredidas — feridas ou mortas. “A tendência dos linchamentos é crescer, porque as instituições públicas não se mostram eficazes no cumprimento de suas funções”, resume o sociólogo. Em sua visão, os linchamentos são acontecimentos punitivos e de ódio. “Os linchamentos expressam uma crise de desagregação social. São muito mais do que um ato a mais de violência. Expressam o tumultuado empenho da sociedade em ‘restabelecer’ a ordem onde foi rompida. Esses linchamentos, são claramente punitivos e, na maioria das vezes vingativos”, conclui o autor, professor catedrático da USP.

Agressores gostam de se filmar

A autora da pesquisa do Núcleo de Violência da USP, Ariadne Natal, alerta para um outro problema. De acordo com ela, o recurso da tecnologia (filmagem) nesses atos, são vistos de uma forma positiva para os agressores. “Aqueles que filmam e compartilham destes vídeos, estão alimentando a visibilidade do ato. Esse fenômeno, que se limitaria a um contexto local, ganha uma dimensão muito maior. A exposição dos casos pode ter um papel de difundir a prática e criar um ambiente favorável a novos casos linchamentos”, disse a pesquisadora. Ainda segundo ela, os comentários destes vídeos parabenizam os populares pela ação. Com isso, fica claro que aquele tipo de ação não é condenável, mas aceitável e até mesmo desejável.

Identidade com a vítima

O perfil de quem agride ou lincha alguém não é totalmente conhecido. Segundo a psicóloga Aline Gomes, o comportamento agressivo e a atitude de atacar, tomada por um cidadão de bem, podem ter relação com a identificação da pessoa com o agredido. “O que faz essa pessoa que nunca se envolveu em uma briga agir assim são os valores que a regem. No momento em que algum ato fere a moral deste cidadão de bem, ele passa a querer justiça”, resume. Normalmente a identificação com a vítima aflora o sentimento. Essa pessoa passa a ter um comportamento agressivo porque se põe no lugar da vítima. Nesse momento, sua parte racional fica apagada e somente a parte emocional ‘comanda’. “Ela então toma atitudes irracionais”, comenta a psicóloga.

OAB condena barbárie e separa justiça de justiçamento

“As iniciativas de linchamentos são abomináveis, pois somente agravam e estimulam a violência, não sendo solução nem para o desejo de justiça e nem de segurança”, resume o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Aderson Bussinger. Quando um grupo resolve espancar pessoas que considera criminosos, é sinal de barbárie, de retrocesso social, segundo o representante da OAB. “Além de um crime não justificar outro, nada assegura que as pessoas linchadas sejam realmente culpadas, pois não passaram por um processo de apuração e julgamento”. Bussinger insiste que os linchamentos merecem repúdio. “Aquele que lincha supostos criminosos hoje, poderá ser o linchado de amanhã”. conclui o vice-presidente. “A vontade de justiça deve ser canalizada para cobrar soluções do Estado para os graves problemas de segurança que vivemos”."

Reportagem do estagiário Vinícius Amparo


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e viva a rede globo que é o patrocinador oficial do linchamento no Brasil!

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