sábado, 15 de fevereiro de 2014

O que é o louco?

Você sabe o que é ter sua alma mutilada, mêo senhor?

Pensar é um perigo, agora imagine se um louco resolver pensar...

As pessoas acham que loucura é pensar errado. Não, isto é falta de educação. Loucura é outra coisa.

Me assusta o automatismo simplista com o qual se passa da moral para o funcionamento dos neurônios e vice versa, só explicável tal hábito metodológico por inculcação ideológica e anticientífica. Mas estou sendo opaco demais agora, eu sei... O osso do poder!

As pessoas pensam que loucura é fazer maldades. Não, isso é falta de caráter. Loucura é outra coisa.

As pessoas pensam que loucura é mau comportamento. Não, isso é indisciplina. Loucura é outra coisa.

As pessoas pensam que loucura é falar coisas sem sentido. Não, isso é falta de coesão textual. Loucura é outra coisa.

As pessoas pensam que loucura é falar coisas proibidas. Não, isso é liberdade de expressão. Loucura é outra coisa.

Por que, se a loucura tem base moral, seu tratamento é medicamentoso? Então, como especialistas médicos com base em bioquímica cagam tantas regras morais prescritas para os psiquiatrizados?

Não existem exames bioquímicos para identificar um louco. E medicamentos não podem ser eficazes para males cujos não se conhecem as causas. Camisas de força químicas.

Ninguém precisa de manicômios numa cultura e terapias de cala-a-boca e de super medicação.

Normais são os psicopatas e os sociopatas que não sofrem.

As pessoas pensam que loucura é transgredir a lei. Não, isso é crime. Loucura é outra coisa.

Não são os loucos que são incapazes para trabalhar, apenas não têm oportunidades. Não são ou loucos incapazes de se relacionar, apenas são isolados pelo preconceito. Preconceito este que os psiquiatras defendem com unhas e dentes.

A psiquiatria assegura com unhas e dentes a manutenção do preconceito contra os loucos. Está na lei e está na ciência, com toda a força de enunciado científico.

Preconceito contra os loucos. Você deve mostrar que é uma pessoa bem ajustada ostentando o preconceito que veio para substituir todos os outros.

Como se não bastasse a dor da própria loucura, ainda o louco tem de enfrentar a rejeição, a hostilidade, o desprezo, a exclusão, do hábito social dos chamados normais em relação à ele. Quem já foi expiação. Quem deixou de ser gente e foi reduzido a sintoma. Quem já morreu em hospitais psiquiátricos. Quem já foi internado por motivos políticos, ou apenas por ter quebrado um copo. Quem já foi demitido ou preterido por motivo puramente arbitrário de trabalhar. Quem já esteve amarrado em um P.S. sabe o que é ter medo. E tudo isso com a chancela técnica da ciência. Além das alucinações que lhes garanto não são nenhum "barato". Quem não sabe o que é o louco. Louco é viver a loucura. E loucura é sofrimento. Nada mais que isso.

Respeite.

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