domingo, 28 de agosto de 2011

o cavalo

O cavalo e seu cavaleiro conversam, que não haja dúvida sobre isto.

Qualquer um que por ausência de palavras demonstre algo, e compreendido o possa dizer.
E mais..

O cavalo tem o perfil de seu dono, é fiel à ele, um gesto entendido pode significar a vida salva.

Quando é de batalha, podemos ver um único ser, no meio do sangue e das mortes é uma só alma.

Os antigos maias acreditavam que se tratavam de Centauros, àquela figura mitológica meio homem meio cavalo, quando viram espanhóis em suas montarias... Uma só alma, em um só corpo dividido.

Os sentimentos são compartilhados, se o animal se fere, que o cavaleiro sinta, que a sua espada defenda a extensão do corpo seu.

Num ferimento o animal sente, mas não pode sair do controle, pode dar um pulo, um "tranco", emperrar como uma motocicleta, a motorcicle, or a Iron Horse. E cabe ao cavaleiro mantê-lo vivo, pulsante.

Domar animais selvagens, sem fugir da sua própria selvageria é o princípio dos oito segundos de uma competição de montaria, de um peão de boiadeiro. Um extremo ferimento do cavalo, reagindo à todo custo contra sua submissão. Quer continuar livre.

O peão age com o braço e com o coração, um Royal S. Flash, com copas e Reis, Rainhas e et coetera...

Os cavaleiros, em conjunto são quadras, como os quatro do apocalipse, um de cada naipe: Fome que um dia fora Ouro, Peste que fora Amor, a Guerra, quando laços eram paus, eram ramificações de um mesmo ideal, e transformou-se na clareza e objetividade da Espada, que invertida pode ser vista como a Cruz. Um lado de Morte, e um lado de Vida.

Somos selvagens por natureza, no xadrez um cavalo é a segunda mais versátil das peças, mas realiza um movimento inimitável, não pode ser perseguido por apenas outra peça, e sim cercado. Um movimento imprevisível. Talvez por isso aprendamos a dominar nossos instintos, em um aprendizado que pode descambar para a indiferença, ou pior ao atavismo.

Como quando o cercamos para capturá-lo, selvagem como nós um dia fomos.

Igual como quando nos percebemos furiosos, e tememos fugir ao nosso próprio controle.

Uma selvageria que se conquistada se transforma numa linda fidelidade.

Se submetida tranforma-se em burrice.


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