terça-feira, 2 de agosto de 2011

a flecha

assoviou nos ares seta certeiro no corpo
meu corpo

fora aquele teu querubim
com olhos teus seguindo-me assim
encantando-me no vento que eu sou
sei quando o amor entorpece o meu coração
justo por isso serei dono da minha razão

flecha comprida, curta, ou para tiro ao alvo
meu alvo

desta vez tu o serás, enfim
devolverei a flecha que cravaste em mim
e voltaremos ermos ao fogo, querida
água limpa, na tua mágoa, no teu ser
transbordando de flores este teu viver

você deve estar me achando apologético
patético

talvez até mesmo fugaz
mas quando vieres buscar o teu tesouro
verás que joguei por terra todo o ouro
e te tornarás minhas pelos séculos vindouros
ficarás a sonhar sempre querendo mais

se não te vejo
até a neve se torna desejo
estar contigo
querendo ser mais que um amigo
se não te digo
é a esmola que faz o mendigo
estando errante
entre palavras de alguma estante
e vou distante
ah, sim, sei que vou errante
vou elegante
alegrar algum lugar distante

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