sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Dias de Desafio - Capítulo VI

ao meu amigo,

Sr. Étienne de La Boétie,
sobre teu Discurso da Servidão Voluntária,

não existe sombra sem luz

não sei se sabes, mas és frágil como a flor
eu sou fraco e vulnerável, sinto frio e dor
se não formos todos por nós
quem será por nós?

tal ditador quer matar, todos contra todos,
assim sendo transformar-nos, tu e eu, em lobos
se estivermos, todos a sós,
haverá alguém atroz?

para seu findar podre, fez o ódio crescer em-si,
engolido finalmente, é o que resta aqui,
subsistir não sem um dó
transformar-nos no pó

foi assim que ele caiu
foi assim que ele morreu
estreitando a consciência
até soçobrar só violência
então, nas trevas do abismo
no seu insalubre maniqueísmo
uma luzinha no horizonte surgiu,
e todo mundo a seguiu
iluminou as trevas
iluminou os mortos
iluminou os vivos
o mundo caiu em si
e deixou o Leviatã só

contra um, quer ser, ou louco, ou pobre e só, tão só,
que não pôde ter defesas, tornou-se pó,
na contra-mão, chegou ao fim
do que somos aqui

e só, o Leviatã se mata a si mesmo
a tirania se volta contra o tirano
e os tiranizados perdidos exigem
a cabeça de seus semelhantes
para matarem-se entre si

mas nós sabemos a verdade:

a bondade é frágil perante a fortuna
qualquer coisa que nos una
qualquer coisa nos conduz
não existe sombra sem luz

como bem disseste que morreria a tirania


de teu amigo,
Sr. Qryz,
Terra, 5 de junho de 2525.

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