sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Dias de Desafio - Capítulo II

O Super-herói

o pior inimigo de todo mundo
quanto mais armas, violência
torturas, humilhação
e precarização, pra ele, melhor
quanto mais preconceito
racismo, machismo
anti ciência e desumanização
pra ele, melhor,
não pode ver ninguém feliz
não pode ver educação
quer a morte de todo vagamundo
não trabalha, mas escraviza
tira tudo o que tem dos pobres
tem muito mais do que precisa
bate no fraco, humilha o pobre
enlouquece o são
tira o cobertor do desabrigados
tira a comida do faminto
prende o inocente
a política do estado, tem na mão
o que vai fazer, não avisa
é mestre na manipulação
a grande mídia lhe é servil
ai daquele que o chamar de vil
não tem criatividade
ele rouba tudo o que usa
depois ele diz que o roubado
cometeu crimes
para não suscitar solidariedade
quando o roubado
nenhum crime cometeu
tenta golpe de estado
para continuar com os privilégios
diz que é anti-sistema
mas vive abastado
odeia arte e poesia e poema
vocabulário rico em sortilégios
diz uma coisa pela sua frente
e outra coisa diz pelas costas
a hipocrisia encarnada
palavras bonitas
pensamento horroroso
ações piores ainda
(mas ninguém vê direito)
(as ações estão escondidas)
ele é amigo dos amigos dele
é mais máfia do que amizade
divide os lucros
socializa os prejuízos
acha que dinheiro público
é dinheiro sem dono
por isso, mete a mão
tudo que ele faz
diz que é você que fez
tudo que ele é
diz que é você que é
parece que gosta de gente
mas é para explorar
tem sempre um tapinha nas costas
na ponta da língua, as respostas
e vive as suas custas
acoberta tudo que é crime
quando é ele que pratica
discurso contra a corrupção
mas trai até o próprio irmão
discurso contra o crime
para esconder a própria condenação
a favor de torturas e de abusos
a favor de ditaduras
tem pontos-de-vista obtusos
não tem argumentos
mas palavrões ele tem demais
ele não se importa com ninguém
ele não se importa com as crianças mortas
ele não se importa com a população
ele não se importa com a natureza
ele não se importa com as guerras
ele não se importa com a fome
ele não se importa com morte
dos outros, claro
ele só se importa em ganhar dinheiro
faz da sua comunicação
um instrumento de guerra
onde o inimigo é alguém vulnerável
e o amigo, alguém endinheirado
é o pai da mentira
é o pai do abuso
é o pai do assédio
é o pai da loucura
é o pai da vulnerabilidade
é o pai da fome
censura livros, detesta a cultura
a não ser aquela panfletária
que só fala bem dele
ama a propaganda e odeia o outro
ama a cultura do ódio
e cresce nela
constrói um inimigo comum
que é a única forma que sabe
de manter a coesão social
um cristão que não fala em Cristo
um família que destrói outras famílias
faz círculos para queimar mendigos
ele não é nada mais que isto:
de todos, o pior inimigo ele ri de tudo isso.

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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Dias de Desafio - Capítulo I

Nêmesis

minha amizade consigo é fingida,
é para tirar vantagem de você,
não me interessa em nada a sua vida,
mas você sequer pode perceber,
quando acordar será tarde, querida.
só lhe restará o seu muito sofrer...
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

sim, beba seu veneno, beba odiando,
e ficar erma, deserta, incapaz,
de tudo que eu lhe tirei, lhe roubando,
mais prazer deu-me foi tirar sua paz,
gostei do que lhe causei, lhe acusando,
a dor, a ruína que a má fama traz,
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

sim, além de lhe roubar, eu menti,
disse muitas mentiras sem lugar,
sobre quem você era e não senti
remorso ou prazer ao lhe caluniar,
foi banal, não pensei e não pedi
permissão para esse mal lhe causar.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

vou matar seu filhos, roubar sua casa,
vou soltar seus cães, mutilar seu corpo,
vou lhe deixar em completa desgraça,
o que há de fútil, que há de torpe,
o que há de sofrer que nunca passe,
não sente nada quem já está morto.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

se ajoelhe e implore pelo seu fim,
no silêncio da teia da informação
nada escapa, tudo chega até mim
está sem saída, renuncia à razão,
renuncia ao sonho, aos afetos, enfim,
para viver, como eu, sem emoção.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

crianças abusadas e mutiladas,
mendigos incendiados, são atrações,
arte, ciência e pessoas são esfaceladas,
e não faltam redes de distrações
para a realidade ser ignorada,
não há quem possa ajudar, fica calada.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

tenho mais do que preciso, o dinheiro.
tenho mais do que preciso, o poder.
nessas atrocidades, sou inteiro,
contra mim há nada possa fazer,
contra mim há nada, sou ligeiro,
fico muito feliz com teu sofrer.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

mísseis, tanques, foguetes, explosões
estiletes, facas, foices, punhais,
adagas, arames, fuzis, canhões,
elementos de meus jogos mortais,
muitos megatons ao alcance de botões,
tem fósforo, dinamite e tem mais...
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

o jogo na cabeça será bruto,
tanto o sutil quanto o grosso, violento,
não lhe darei descanso, ininterrupto,
também não ouvirei seu amargo lamento,
que vai acabar em um cruel surto,
mas que não vai aplacar seu sofrimento.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

pretendo arrasar sua honra em frangalho
para só lhe restar viver na rua,
sem recursos para conseguir trabalho,
depois de destruir a cabeça sua,
seus bens por todo território espalho,
de maneira que o povo lhe exclua.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

tragédia é pouca para meu desprezo,
deixá-la andando na rua sem destino,
depois de perder tudo em um despejo,
tentando refazer seu desatino,
falando sozinha contra o desejo
de junto de amigos cantar um hino.
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

ser ou não ser, ter ou não ter, o quê?
bem presa no manicômio do crânio
longe é deixar viver, fazer morrer,
cicatrizes e placas de titânio,
seja fazer viver, deixar morrer,
que assim seja sem fim e instantâneo
não importa nada do que você pensa,
porque nem lhe sinto, sou indiferença.

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