sábado, 14 de junho de 2014

Cor da Pele.

A cor da pele é
uma só, o que varia
de pessoa para pessoa é o tom da pele

não existem duas peles iguais

tal qual as impressões digitais.

Narcísos

se arrastando no deserto de silício da sociedade tecnológica, havia visto um oásis: o outro, não! que nada! era apenas um espelho, nem água era, era uma lâmina de vidro, lisa, seca, e seu fundo cego, de ferro, ou, talvez, uma tela sensível ao toque para aquele que não se toca nem a ninguém toca também, Narcíso, mergulhado que está em pura passagem sem acolhedouro.

Ponte.

prendo a respiração
preparado para a explosão
que nunca se consuma
nos alicerces da ponte
um ancião sua ganja fuma
lá na linha do horizonte
reaprendendo o instinto
é andar num exoesqueleto
ou se juntar aos sem-teto
uso a matéria de um faminto
mas nem minto nem sinto
um vulcão completo
vomitava chorume
de hipomanias repleto
ou apenas ignorado
ou jogado para fora
percebo nessa hora
como é bom
não ter memória
mas se tem história
basta acertar o tom
com todo cuidado
escuridão retenção
tensão das cordas
canção e coração
o futuro de uma ilusão
é assim que termina
o poema sem medida
na percepção da retina
quando não se tem saída
mas a vida sempre ensina
tudo em cima
pra cima com a viga,
moçada

Raciocínio.

acho roda de samsara raiva tristeza medo inveja e o raciocínio faz girar não faz desaparecer são suas cores fortes e intensas que tendem ao branco em velocidade tudo aí são artificiais matéria simbólica somatizada sentir é o futuro de uma ilusão e inexistente estava ausente de nós na origem rede a gente estrutura instituída historicamente fios urdidos nos teares do social no espaço no tempo compasso de valor e duração e aleph bem no fundo desenrole tudo para não ter de se sufocar e enterrar debaixo do tapete malha divina somos colchas de retalhos.

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"A fim de mover outros profundamente, devemos deliberadamente nos permitir sermos carregados além dos limites de nossas sensibilidades normais." (Joseph Conrad)

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"Tudo que é sólido se desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado pelo homem obrigado a aceitar com sóbrio bom-senso as suas verdadeiras condições de vida e as suas relações com seus semelhantes." (Karl Marx)



...

Não sei mais nem se tenho o direito de sentir raiva, mas não é por que virei santo ou algum tipo de nirvana, é mais por que estou cansado demais pra tanto...

Mário Quintana.



"E essas que enxugam as lágrimas em nossos poemas como defluxos em lenços... Oh! tenham paciência, velhinhas... A poesia não é uma coisa idiota: a poesia é uma coisa louca!" (Mário Quintana)

Trabalho e Descanso.

Trabalhar cansa, mas não fazer nada dá prazer apenas quando estamos cansados, fora isso, é o que de mais penoso possa existir sobre a Terra.